Rio -  Além de não sentir o gostinho da queda do peso dos impostos sobre os itens da cesta básica, o consumidor carioca precisa bater perna e comparar os preços entre supermercados para não pagar mais caro. Levantamento feito pelo DIA, entre quinta e sexta-feira, em unidades de quatro grandes redes de mercados da cidade constatou que há variação de preços. A diferença dos valores pagos quando se chega no caixa registrador pode chegar a 10% entre o preço praticado em uma loja e outra de estabelecimento diferente.
Na semana após o anúncio da desoneração, a advogada Ingrid Jannuzzi percebeu que alimentos ficaram mais caros | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Na semana após o anúncio da desoneração, a advogada Ingrid Jannuzzi percebeu que alimentos ficaram mais caros | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Pela pesquisa feita, na soma de todos os itens da cesta básica, o menor valorencontrado pelo consumidor foi de R$118,15. Na outra ponta da tabela de preços, o custo total que o cliente alcança, ao fazer a conta na ponta do lápis, é de R$ 129,95.
A dona de casa Fátima Rimola, 56 anos, não deixa de pesquisar antes de comprar.Ela conta que para conseguir o melhor preço, é necessário fazer comparações. “Só compro carne nos dias de promoção e pesquiso os preços entre os mercados, para ver onde sai mais barato”, revela.
A diferença de preços e o fato de os supermercados ainda não terem repassado desoneração anunciada pela presidenta Dilma Rousseff provoca insatisfação nos consumidores. A advogada Ingrid Jannuzzi, 39 anos, afirma que ainda não percebeu a redução nos preços.
“De terça a sexta-feira, o preço já tinha aumentado”, reclamou. Já a estudante Lorena Brandão, 19 anos, no entanto, diz que notou pequena diferença em alguns produtos que costuma comprar. “Achei o arroz e o feijão mais baratos, mas o leite estava mais caro”, explicou.
Presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Edmundo Klotz garantiu que a indústria de alimentos está comprometida a repassar todo benefício gerado pelas medidas do governo. “O Ministério da Fazenda e a indústria de alimentos têm se reunido diariamente para anular dúvidas sobre as medidas que desoneraram a cesta básica e, assim, compreender a redução real dos preços da indústria”, disse.
Na sexta-feira, após cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Consumo e Cidadania, a presidenta Dilma disse que quer garantir o repasse da desoneração por meio de persuasão aos empresários.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
De acordo com o médico nutrólogo José Alexandre Portinho, a desoneração de itens incluídos recentemente na cesta básica, como carnes, frutas e legumes, é uma forma de investir no país e reduzir custos com saúde pública no futuro. “Ao retirar as taxas, o governo incentiva o consumo desses alimentos mais saudáveis. E uma população bem alimentada tem menos problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade”, explica.
A variedade de alimentos, segundo o médico, é fundamental para refeições saudáveis. Portinho explica que o prato deve conter carboidrato, proteína, fibras — presentes em legumes, verduras e frutas — e gorduras saudáveis.
Uma sugestão de José Alexandre para deixar a cesta básica mais nutritiva seria substituir o óleo pelo azeite e o arroz branco ou parbolizado pelo integral. Ele aconselha: “Sempre que possível, deve-se evitar os alimentos industrializados, como farinha de trigo e açúcar refinado”.
Para a estudante Lorena Brandão, frutas e legumes ainda estão muito caros. “Contribuiria muito para a alimentação dos brasileiros se esses alimentos tivesses os preços efetivamente reduzidos”, diz.