Inglaterra -  O ator britânico Hugh Grant, um dos personagens mais badalados no escândalo das escutas telefônicas no Reino Unido, pediu neste domingo em artigo no jornal "The Observer" ao primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que aproveite a chance de criar um órgão regulador da imprensa.
"Seja sábio e aproveite esta oportunidade histórica", clamou Grant, diretor da associação "Hacked Off", que reúne vítimas das escutas ilegais. Nesta segunda-feira, Cameron apresentará no Parlamento sua proposta para regular a imprensa escrita sem necessidade de criar uma lei específica que crie um organismo independente.
O primeiro-ministro do Reino Unido não conseguiu na última semana chegar a um acordo com os partidos Trabalhista e Liberal-Democrata para estabelecer as linhas gerais de um órgão com capacidade para regular o setor que não dependesse do poder político nem das empresas jornalísticas, como propunha o chamado relatório Leveson, em novembro de 2012. Como alternativa, Cameron deve apresentar uma proposta que não formule uma lei, como a que regula a rádio e a televisão, mas propõe um estatuto sancionado pela rainha Elizabeth II que estabeleça os padrões para a mídia.
"O que é curioso dessa carta real que propõe Cameron é que deixa o Governo como responsável pelas futuras mudanças do sistema. Além disso, põe os diretores dos periódicos, ou seja, o coração do sistema, no comando da elaboração do código de conduta", considerou Grant, para quem a proposta do primeiro-ministro é "um modo medieval de legislar".
Segundo emissora "BBC", as reuniões multilaterais continuam neste domingo visando o debate na Câmera dos Comuns nesta segunda-feira, no qual Cameron poderá ser derrotado se não obtiver apoio de deputados de outras forças.
O líder trabalhista, Ed Miliband, assim como o liberal-democrata e vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, apoiam a ideia de um regulador criado através de um documento real, apesar de defenderem a necessidade de formular uma lei específica. Para o diretor da "Hacked Off", que faz campanha a favor da reforma da imprensa britânica, os conservadores "se preparam para uma possível derrota porque estão claramente no lado incorreto do debate".
Por sua vez, Miliband afirmou em entrevista a "The Observer" que "segunda-feira é o dia no qual os políticos têm o dever de cumprir com as expectativas das vítimas, se levantar por elas". "É um momento importante porque vivemos décadas nas quais falhamos em nosso dever de garantir que tivéssemos um sistema de queixas e compensações que garantisse que as pessoas não ficassem à mercê dos abusos da imprensa", completou o líder trabalhista.
 

EFE