Rio -  Este é o primeiro livro que o prefaciador não elogia, muito pelo contrário. Não entrarei em detalhes. Fi-lo porque qui-lo, como diria Jânio Quadros. Ei-lo: “Confesso que fiquei alarmado quando abri o envelope e dei uma olhada no calhamaço — ‘Humor Eclético’ — de Seché. Entre as coisas que mais detesto, trocadilhos estão no topo do ranking. E só de trocadilhos tem 3 (três) baitas capítulos. Amostra: ‘Percevejo a luz no fim do túnel.’ E os agradecimentos do autor? Parei em 175, bem antes da metade do número de pessoas sem as quais ele, suponho, não teria conseguido fazer o livro. Humor eclético? Seché vai além.
Envereda por paródias, gráficos, classificados (‘Vendo baralhos. Aguardo os interessados com paciência’). Tem o roteiro de um show musical, estrelado, é claro, por ele. Receitas culinárias. Piadas curtas e muito compridas. Palavras cruzadas. Mas também envereda pelo traço. Fez curso de desenho artístico no Instituto Oberg. Nem sabia que ainda existia (fui expulso de lá há mais de meio século). Tem um monte de cartuns e tiras. Fotos-piadas. Enfim, para usar um termo chulo, faz barba, cabelo e bigode. E quer saber? Acabei dando boas risadas. Há alguns anos não ousaria dizer isso. Sou tido como cartunista intelectualizado (porque comecei plagiando Steinberg e os cartunistas do ‘The New Yorker’). Adoro Woody Allen, mas também me esbaldo com os Três Patetas. Só posso dizer que se você se divertir meio por cento do que o Seché se divertiu fazendo o livro, vai ser ótimo.”

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Muito legal a crônica em que JFS narra um lance em que bebemos cachaça no Cabaré dos Bandidos, em Caxias. O tira-gosto era rodela de carne de cobra. E a dona da birosca, segundo ele, tinha uma cobra (viva) enrolada no pescoço. Isso já faz tempo, pelo menos uns 40 anos. Eu morava num subúrbio de Caxias, no Lote 15. Pontos nebulosos: na época JFS deveria ser dimenor, a tal mulher com cobra enroscada no pescoço perambulava pelos botecos do Leme. E eu jamais comeria carne de cobra. Enfim, tudo é possível neste mundo, até Papa argentino.