Estados Unidos -  A jornalista cubana Yoani Sánchez garantiu nesta sexta-feira em Nova York que tem medo das represálias que pode sofrer ao retornar a Cuba depois daviagem internacional iniciada no mês passado após cinco anos sem permissão para sair da ilha.
"Medo do retorno? Sim, tenho muito medo do que vai acontecer quando retornar", admitiu a blogueira em entrevista coletiva na universidade de Nova York (NYU), a sua segunda aparição nos Estados Unidos após participar na quinta-feira de um simpósio na universidade de Columbia.
A famosa autora do blog 'Generación Y' disse que o governo cubano se comporta como um 'pai autoritário' com seus cidadãos, que os trata 'como se fossem crianças, pois quando saem de casa e se comportam mal, recebem um castigo'.
"Qual será o castigo para esta menina inquieta chamada Yoani Sánchez? Talvez não me deixem sair do país outra vez, talvez aumentem a campanha de difamação e o fuzilamento midiático contra mim na imprensa nacional", disse a dissidente, que iniciou no último dia 18 de fevereiro uma viagem internacional de 80 dias.
Após receber mais de 20 negativas do governo de seu país para seus pedidos de viagem ao exterior ao longo de cinco anos, Yoani conseguiu sair graças à reforma migratória aprovada no mês de janeiro.
Em sua viagem, já visitou países como o Brasil, República Tcheca, Espanha e México.
Em todo caso, Yoani garantiu que esta viagem vai lhe dar um "certo escudo protetor", que "não é total, nem completo, nem permanente", mas graças a ele, "pelo menos nos primeiros meses", estará "mais protegida contra a repressão do Estado cubano".
Perguntada se pretende deixar Cuba, a blogueira respondeu com um categórico "não".
"Já conheço a experiência da emigração. Vivi dois anos na Suíça, de 2002 a 2004, e foi uma experiência importante em minha vida, mas não penso em repeti-la", disse Yoani, ao acrescentar que, ao contrário do romance do tcheco Milan Kundera, "A Vida Está em Outro Lugar", para ela 'a vida está em outra Cuba'.
Para isso, continuará trabalhando em seu blog, que é uma espécie de "diário", mas também na criação de um novo meio digital cujo "grande desafio" será atingir uma população com baixo nível de acesso à internet e terá que utilizar ferramentas de distribuição como CDs e pen-drives para isso.
A blogueira também abordou temas da atualidade como a escolha do novo papa, o argentino Francisco, ao destacar o fato de ser um latino-americano, apesar de se declarar agnóstica. Yoani também falou da recente morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
"A morte de Chávez era uma notícia que eu penso que aconteceria desde o princípio deste ano, para nós que sabemos ler nas entrelinhas do discurso oficial", disse Yoani.
Apesar de alguns cubanos temerem que sua morte possa ajudar a levar Cuba a um 'colapso econômico', ela pensa que "este desaparecimento físico talvez possa acelerar os processos de reformas e obrigue Raúl Castro a flexibilizar o ritmo das reformas econômicas".
Sobre as chamadas "reformas raulistas", a dissidente afirmou que estão "na direção correta", mas que sua 'profundidade é limitada, sua velocidade é profundamente desesperante e não são integrais, porque se restringem ao plano econômico'.
A jornalista cubana participa hoje e amanhã do fórum "A revolução recodificada: Cultura digital e a espera pública em Cuba", organizado pelas universidades de Nova York e The New School, e na segunda-feira oferecerá uma conferência na escola de direito Benjamin Cardozo, para depois viajar à Washington. 
As informações são da EFE