sábado, 17 de agosto de 2013

Carlos Alberto Rabaça: Mestre Choeri

Carlos Alberto Rabaça: Mestre Choeri

O desaparecimento de Wilson Choeri não atinge apenas o coração e o espírito de seus alunos

O DIA
Rio  - Morreu um grande educador. O desaparecimento de Wilson Choeri não atinge apenas o coração e o espírito de seus alunos. Retira dos quadros humanos da nação um de seus vultos mais notáveis, ilustres, representativos. A sua vida pública como professor, vice-reitor da Uerj e diretor-geral do Pedro II é uma coerência, uma polidez, uma expressão global que tem uma constante, quer de natureza intelectual, quer de natureza moral.
Ele exerceu sobre sua geração um magistério ao mesmo tempo pragmático e espiritual que não se qualifica em palavras. Fez-se amar sem que procurasse influir em ninguém, impressionar quem quer que fosse. Sempre o consideramos um mestre sem soberba, exemplo de conduta. Modernizou o Colégio Pedro II, ampliou-o, transformando-o num moderno educandário público, raro nos dias de hoje. Como seu ex-aluno e, depois, companheiro de magistério, refletia sobre como decidir algumas questões: “Que pensará o Choeri deste ato?”, “Que faria ele em tal circunstância?”, “Poderei tomar essa ou aquela atitude que ele intimamente reprovasse?”. Indagações saudáveis que marcam a presença doamigo na vida e na consciência de cada um. Não sei de maior elogio a Choeri do que este: ele foi o educador que a gente gostaria de ser.
É doloroso aceitar, em nosso país, que milhões de crianças continuam a não ter acesso à educação. É difícil encarar a disparidade de gêneros entre os matriculados, a evasão e o fracasso escolar. Infelizmente o professor Choeri não estará entre nós para continuar a luta para corrigir tantas distorções que escravizam tantos jovens. A educação, repetia ele, é o passo inicial para a formação do homem livre, pois lhe proporciona o direito de pensar e de raciocinar.

Sociólogo e professor

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