sábado, 17 de agosto de 2013

Na Batalha do Passinho, duelo agora é pela marca

Na Batalha do Passinho, duelo agora é pela marca

Sócios de produtora disputam direito de explorar competições que viraram febre no Rio

O DIA
Rio - As disputas da Batalha do Passinho estão prestes a sair dos palcos e ir parar nos tribunais. Conforme revelado na última quinta-feira pela coluna ‘Informe do Dia’, os organizadores do campeonato de dançarinos de funk, Julio Ludemir e Rafael Mike Soares, sócios na produtora Redemunho, podem iniciar, em breve, uma batalha judicial pelo uso do nome da competição.
Febre na internet e nos bailes da cidade, o duelo coreográfico tem se revelado atraente para patrocinadores e ganhado espaço na mídia. A final deste ano, realizada em abril, foi transmitida pela televisão e contou com um público de 50 mil pessoas no Parque Madureira. Estima-se que a Coca-Cola tenha investido R$ 970 mil nas 16 etapas realizadas em favelas e obtido retorno superior a R$ 10 milhões de marketing espontâneo.
Febre nas comunidades do Rio, a Dança do Passinho se tornou um empreendimento cultural que dá retorno financeiro, com pagamento de direitos
Foto:  Paulo Alvadia / Agência O Dia
Ericka Gavinho, advogada de Ludemir, acredita que as divergências entre os sócios estejam sendo motivadas justamente por interesses financeiros, mas acredita em um possível acordo: “Eles têm diferenças em relação à condução do movimento. Teremos uma reunião na próxima semana para tentar uma conciliação”.
Mike, por sua vez, nega que o impasse tenha surgido por dinheiro. “A divergência existe, mas por discordâncias quanto à forma de trabalhar, não por cotas de patrocínio”, finalizou, sem revelar o motivo do impasse nem confirmar ou negar se moverá um processo contra Ludemir.
Diretor do documentário ‘Batalha do Passinho — O Filme’, lançado este ano e em turnê pelas favelas onde as etapas foram disputadas, Emílio Domingos lamentou a situação: “Fico triste em saber que uma manifestação cultural tão simpática e divertida tenha chegado a este ponto”.
Dançarinos só lamentam
Estrelas principais do grande espetáculo no qual a Batalha do Passinho se tornou, adeptos do estilo que mistura movimentos de hip-hop, frevo e capoeira, executado ao som do funk, lamentam a desavença. Segundo o dançarino Key Tetra, coordenador do projeto ‘Os Sensacionais do Passinho’, no morro do Cantagalo, a competição tem papel fundamental na história do funk.
“Graças à visibilidade que o concurso conseguiu na mídia, os artistas já conseguem se sustentar com apresentações em bailes, aulas e aparições na TV”, garantiu.
O apoio de patrocinadores faz com que o concurso tenha uma premiação alta. Na última edição da Batalha do Passinho, o primeiro colocado recebeu um prêmio de R$ 20 mil. “A maioria dos dançarinos tem origem humilde e vê o Passinho como premiação máxima. Há outros torneios da dança nas comunidades, mas os valores pagos ainda são muito baixos”, disse.
    Tags: Passinho , Concursos

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