quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Editorial: A conta que mais convém

Editorial: A conta que mais convém

Manobras contábeis são engenhoso artifício para lustrar números a ponto de fazê-los brilhar sob determinada luz.

O DIA
Rio - Manobras contábeis são engenhoso artifício para lustrar números a ponto de fazê-los brilhar sob determinada luz. Servem para inflar balancetes, mascarar dívidas ou perfumar relatórios. Se bem construídas, podem até passar por verdade. Mas a matemática é a mais exata das ciências e revela a realidade, se os fatores que compõem o produto forem bem conhecidos. No caso da Educação, o verniz foi generoso. Como O DIA mostra hoje, R$ 758 milhões alegadamente investidos no setor foram parar em outra conta: o pagamento de servidores inativos.
Em absoluto se defende o calote aos professores e funcionários, gente que por anos se dedicou ao ensino e fatalmente enfrentou mazelas. Mas o dinheiro que alimenta os benefícios ajuda — e muito — a compor a delicada conta do suporte à Educação. A Constituição Federal determina que 25% da arrecadação de todo município vá para as escolas. Não à toa o Tribunal de Contas achou estranho e reprovou a matemática inventiva da Prefeitura do Rio.
Entra em ação aí uma ciência inexata: a interpretação de números. Há quem encontre lógica na numeralha e acredite que nada está irregular. Mas outros veem na manobra um absurdo, preocupados com outros malabarismos no orçamento.
É importante passar lupa nos algarismos — até porque vem aí conta muito mais colossal: os royalties para a Educação. Antes de se bater o bumbo, deve-se saber o valor real que os 75% fixados pelo Congresso representarão e, mais sério, olhar de perto o repasse e a aplicação do dinheiro. Até para evitar matemática inventiva nesse rateio.
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