quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Governo americano condena violência no Egito

Governo americano condena violência no Egito

John Kerry pediu suspensão do estado de emergência. Mais de 200 pessoas morreram nos confrontos

EFE
Washington - Os Estados Unidos condenaram nesta quarta-feira os atos de violência no Egito como um "grave golpe" contra os esforços de reconciliação no país e exigiram que o estado de emergência seja revogado "o mais rápido possível", com a preocupação de que ela possa ser usado para realizar prisões arbitrárias de manifestantes.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, condenou a violência dos confrontos, que deixaram pelo menos 235 mortos e 2 mil feridos em todo o país, horas depois de a Casa Branca ter feito o mesmo. "Os eventos de hoje são deploráveis e vão contra as aspirações egípcias de paz, inclusão e democracia. Os egípcios, dentro e fora do governo, devem dar um passo para trás, acalmar os ânimos e evitar a perda de mais vidas", disse Kerry.
Corpos são recolhidos, enquanto homem chora
Reuters


A aparição surpresa de Kerry ressaltou a importância que os Estados Unidos dão para a estabilidade no Egito, um ator chave para seus interesses no norte da África e Oriente Médio, e que vive uma profunda crise política e social desde a derrubada do presidente Mohammed Mursi em 3 de julho. Os confrontos de hoje são "um grave golpe contra a reconciliação no país. Os Estados Unidos continuam dispostos a trabalhar com todas as partes e com seus aliados no mundo todo para encontrar um caminho democrático e pacífico para o Egito", destacou Kerry.
O chefe da diplomacia americana pediu que todos os setores do país trabalhem rumo a uma solução política, apesar de considerar que "o governo interino e os militares têm uma responsabilidade única de prevenir violência, já que juntos somam a maior parte do poder neste confronto". Kerry cobrou uma reforma da Constituição e que as eleições presidenciais e parlamentares sejam mantidas. "Os Estados Unidos se opõem categoricamente a volta a um estado de emergência e exigimos que o governo egípcio respeite os direitos humanos básicos, como a liberdade de reunião pacífica e os julgamentos amparados pelas leis. Achamos que o estado de emergência deve acabar o mais rápido possível", destacou Kerry.
O Egito manteve o estado de emergência durante três décadas, entre 1981 e 2012, e Mursi voltou a recorrer temporariamente a essa medida de exceção durante seu mandato, que permite que os militares realizem prisões de civis. O governo dos EUA considera que Mursi usou a medida "para prender cidadãos e detê-los sem apresentar acusações criminais", e teme que essa situação se repita.
Nem Kerry, nem o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest, que condenou a violência e pediu calma em comunicado, falaram de possíveis consequências ou represálias diante da situação. A cautela e os cálculos políticos caracterizaram a resposta dos Estados Unidos para a queda de Mursi, seguida por mais de três semanas de reflexão sobre classificar ou não a deposição do então presidente como "golpe", algo que teria forçado a suspensão da entrega de US$ 1,5 bilhão em ajuda para o país. Nenhuma posição foi tomada nesse sentido, por considerar que não beneficiaria o "interesse nacional" dos EUA cancelar a ajuda ao país, destinada em boa parte a fortalecer a fronteira com Israel.
Diante dos confrontos desta quarta, os Estados Unidos vão "revisar as implicações em sua relação com o Egito, o que inclui a ajuda financeira", afirmou hoje a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki. O Pentágono tomou em julho a única medida clara em represália ao Egito ao atrasar indefinidamente o envio de quatro caças F-16 e, conforme foi publicado hoje no site do jornal "Wall Street Journal", considera cancelar os exercícios militares conjuntos com o país.
Kerry ligou ontem à noite para a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e falou com os chanceleres de Egito, Catar, Emirados Árabes Unidos, Turquia, e com o ex-vice-presidente das Relações Exteriores do Egito, Mohamed ElBaradei, pouco após sua renúncia ao cargo.
    Tags: Egito , Confronto

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