Rio -  Num país em que o sol aparece em quase todos os dias do ano, pelo menos 60% da população têm deficiência de vitamina D, que é estimulada através da luz solar. A constatação foi feita em tese de mestrado da Universidade Federal Fluminense, que está sendo analisada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A autora do estudo é a nutricionista Vanessa Pereira Montera, que levantou uma série de pesquisas sobre a deficiência da vitamina no corpo de brasileiros. O mais recente foi feito por ela com amostras de sangue de pacientes idosos do Hospital Pró-Cardíaco.
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A análise revelou que dois em cada três deles encontravam-se com a substância em baixa. “Entre esses pacientes analisados com deficiência severa foi encontrada uma média de 9,8 ng/ml com um valor mínimo de 3,5 ng/ml. O normal é de 32 ng/ml”, explica Vanessa Pereira.
RISCOS
A longo prazo, a falta de estímulo à vitamina D no corpo contribui para o desenvolvimento de doenças como câncer, doenças autoimunes, como artrite reumatóide, e até hipertensão. A nutricionista afirma que o melhor a fazer é tomar banhos de sol: “A rotina moderna impede que o indivíduo se exponha ao sol com qualidade”, diz.
A especialista orienta que é necessário de 10 a 20 minutos de banho de sol três vezes por semana. Para pessoas de pele mais clara, a absorção ocorre com mais facilidade.

Já as de pele negra precisam de até cinco vezes mais de tempo de exposição ao sol: “Estudo com noruegueses identificou alta quantidade de vitamina D pela facilidade deles reagirem à luz do sol. No Mediterrâneo, a taxa era menor, porque a pele mais escura os protegia”, conta.
Adultos, idosos e crianças
O médico José Fábio Lana diz que diversos estudos já identificam a deficiência da vitamina D em populações pelo mundo: “Há pesquisas que mostram que de 50% a 78% da população mundial apresentam menos de 30 ng/ml da forma ativa da vitamina no sangue, o que aumenta a ocorrência de doenças degenerativas”.
O problema é maior para idosos que, na comparação com jovens, teriam uma deficiência maior. “Eles são duas vezes mais propensos a ter esse déficit porque se privam da luz solar”, conta o especialista
Adolescentes e crianças também entram nas faixas de risco. “Um estudo recente feito com 136 adolescentes entre 16 e 20 anos mostrou que 60% deles tinham insuficiência. Com crianças, o estudo mostrou deficiência em até 46% delas”, informa.