Rio -  Eles ganharam fama de assassinos cruéis e há quem defenda o seu extermínio. Conhecidos há 400 milhões  de anos e hoje separados em 375 espécies (no Brasil são conhecidas 88), os tubarões não têm nada de sanguinários, garantem biólogos e ambientalistas. Esses peixes têm papel crucial no equilíbrio do ecossistema marinho. Porém, de tão caçados, estão em perigo de extinção. Agora alguns deles serãoprotegidos.
Representantes de 178 países da convenção sobre o comércio internacional de espécies ameaçadas (Cites) decidiram esta semana restringir ao máximo a pesca do tubarão galha-branca-oceânico, de três espécies de tubarão-martelo, do tubarão marracho, e, de quebra, duas espécies de raias-manta.
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Arte: O Dia
Para ambientalistas, essa medida já deveria ter sido tomada há muito tempo. Cerca de 100 milhões de tubarões são mortos anualmente no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que estima que 90% da população deste animal desapareceu no último século. Os países asiáticos, como o Japão, são os maiores consumidores de tubarão, cujas barbatanas são usadas emsopas. “Talvez seja um pouco tarde para protegê-los, disse Steve Galster, diretor da ONG Freeland. “Mas antes tarde do que nunca”.
O biólogo Marcelo Szpilman, do Instituto Ecológico Aqualung e autor de “Tubarões no Brasil”, comemorou. “Os tubarões são seres que precisam ser protegidos, como qualquer outro animal”.

Szpilman explica que os tubarões exercem duas funções primordiais no meio ambiente marinho. Primeiro, como predadores situados no topo da cadeia alimentar, o equivalente oceânico aos leões africanos e tigres asiáticos, os tubarões asseguram um tipo de ordem nos oceanos.
“Eles mantêm o controle populacional de suas presas e cumprem importante papel na seleção natural, ao comer os animais mais lentos e fracos. Além disso, ao comerem os animais doentes, feridos ou mortos, preservam a saúde dos oceanos. Sem os tubarões, teremos mares doentes, frágeis e com desequilíbrios imprevisíveis”.
Ataque a humano é raro
O tubarão é um predador, mas os ataques a humanos são raros, diz o biólogo Marcelo Szpilman. Das quase 400 espécies que existem, somente três são realmente perigosas para o homem: o branco, o tigre e o cabeça-chata.
Às vezes o animal confunde o humano com um outro animal ou acha que ele é uma ameaça ao seu território, diz o biólogo. “Em 90% dos casos o animal dá apenas uma única mordida e não quer realmente se alimentar”. 
Reportagem: Antônio Marinho