Rio -  Alguém pode em sã consciência achar possível tratar um paciente numa enfermaria de hospital com uma temperatura superior a 40 graus? E assistir ou ministrar aulas num ambiente onde a sensação térmica ultrapassa os 45 graus? Tenho certeza de que nem o prefeito do Rio afirmaria que é possível. Aliás, no 13º andar do Centro Administrativo ou na Gávea Pequena, Sua Excelência certamente desfruta um clima bem mais ameno.
A Câmara Municipal fez a sua parte, ao aprovar duas leis que impõem a climatização de escolas e hospitais, mas o prefeito Eduardo Paes vetou. Por quê? A alegação foi de que as leis importariam em aumento de despesa para o Município. Mas não é justamente esse mesmo prefeito que se gaba de ter dobrado o orçamento?
Quem circula pelo Rio percebe quantidade enorme de obras públicas. Mas o problema — fica claro — é da qualidade do gasto. O jargão “tudo pelo social” foi substituído na nossa cidade por “tudo pelas Olimpíadas”.
Seja como for, os vereadores derrubaram o veto do prefeito e as leis estão em vigor, apenas não são cumpridas. O Ministério Público será chamado a atuar para que a questão seja decidida na Justiça, pois nada mais justo do que, numa cidade onde não existe nenhuma dificuldade para patrocinar megashows, como do cantor Stevie Wonder, ou para bancar o milionário evento de hipismo de Athina Onassis, crianças, jovens e enfermos sejam tratados com dignidade.
Paulo Pinheiro é vereador pelo Psol