Rio -  O jornalista Nelson Rodrigues cunhou slogans que marcaram a imprensa carioca. “O idiota da objetividade” e o “óbvio ululante” eram adjetivos irônicos que o leitor entendia. Suas frases ficaram na cabeça do povo. Foi brilhante quando afirmou que “o brasileiro é um feriado”...
Os economistas, quanto mais sofisticados na linguagem, mais sábios se tornam para os seletos grupos de pessoas que procuram o noticiário econômico. Delfim Netto, espécie de guru da atualidade com suas análises, foi o responsável pela maior quebradeira deempresas no país. Em 1979, no governo de João Figueiredo, ‘vendeu’ seu plano econômico com os motes: “Plante que o João garante” e “Exportar é o que Importa”. Os agricultores endividados, em protesto contra a política de preços mínimos de seus produtos, criaram slogan mais forte. “Plante pouco que o gordo é louco”.
Na campanha presidencial de 2014, a presidenta Dilma Rousseff terá que traduzir o economês para o povo e a classe média. Explicar que expressões como taxa Selic é receita de vitamina de banqueiro; que redução do superávit primário é resultado das despesas elevadas do governo sem contrapartida de receitas; e que desvalorizar o real frente ao dólar pode provocar alta dos preços e conter os salários dos trabalhadores. E por aí vai...
O pré-candidato presidencial Aécio Neves (PSDB) discursou na tribuna do Senado, apontando 13 fracassos para o governo explicar aos eleitores. É provável que os eruditos economistas de sua equipe que elaboraram seu manifesto proponham políticas intervencionistas “brandas” do Banco Central no câmbio — flutuação suja — nos seus próximos discursos: vocês entenderam? Com essa linguagem, Aécio se tornará o melhor cabo eleitoral para reeleger Dilma!
Economista e analista político