Manifestações culturais populares tomam as ruas
Da Zona Sul à Baixada, apresentações artísticas não esperam chegada do poder público

Roda Cultural do Méier reúne cerca de 150 pessoas na Praça do Méier. Quem vai lá ainda pode ouvir batalha de MC’s e conhecer novos artistas | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Desde novembro, a estudante Nathália Rodrigues, 18, marca presença. “Encontro os amigos, ouço música, curto os shows. Não preciso ir para a Zona Sul”, avalia Nathália, moradora do bairro.
Em Bangu, na Zona Oeste, são as calçadas que ganham charme nas noites de sexta-feira em abril, quando dançarinos de várias modalidades, que vão do jazz ao street dance, se apresentam gratuitamente para um público de quase 600 pessoas por noite. “O projeto Dança na Calçada já está na 3° edição e aproxima da arte o público que está distante do teatro, ou não tem como pagar caro”, avalia a organizadora Marta Barros. “Já pedimos patrocino da prefeitura para melhorar a estrutura, mas não conseguimos nada. Por sorte, nunca choveu”.
Divulgação em redes sociais
Para a socióloga e professora da Uerj, Cíntia SanMartin, a produção cultural está se descentralizando. “A Zona Sul sempre concentrou teatros e outros espaços. O conceito de centro e periferia, em termos de cultura, está se dissipando”, acredita. Ela destaca que a tendência é que o poder público comece a investir a partir da iniciativa desses ativistas culturais. “Sempre houve produção cultural fora da Zona Sul de alta qualidade. Acontece que as redes sociais ajudaram a jogar luz para esses movimentos, que não dependem mais da grande mídia”, conclui.
CineClube em Caxias e arte na Tijuca
Com 11 anos de existência,o CineClube Mate com Angu faz mostra de cinema independente em Caxias. As atividades vão desde oficinas, exposições, debates e feiras, além da produção de curtas-metragens. “Criamos um espaço arejado para expressar ideias”, define Igor Barradas, um dos fundadores do Cine, que entrega troféu Angu de Ouro para curtas que vencem a votação popular anual.
Outra experiência de sucesso é o grupo Norte Comum, que gere o projeto Geringonça em parceria com o Sesc Tijuca, com oficinas, shows, exposições, debates. “Há uma efervescência de artistas independentes. É uma força de transformação inimaginável”, analisa Pablo Meijueiro, um dos articuladores do movimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário