Brasília -  Mesmo sem admitir publicamente se será candidato a presidente da República em 2014, o governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), tem realizado uma série de encontros e já busca alianças para garantir a necessária sustentação eleitoral. Nesta semana, em Brasília, o compromisso protocolar com a presidenta Dilma Rousseff (PT) foi apenas um detalhe na agenda do governador, que dedicou a maior parte do seu tempo na capital para costurar apoios para 2014. O PSB tem conversado principalmente com PDT, PPS, DEM e PTB.
Eduardo Campos, governador de Pernambuco, já costura apoios para possível candidatura em 2014 | Foto: Divulgação
Eduardo Campos, governador de Pernambuco, já costura apoios para possível candidatura em 2014 | Foto: Divulgação
Com o PDT, Campos tem se aproveitado da divergência interna no partido e procurado conquistar apoio da ala mais numerosa, ligada ao ex-ministro Carlos Lupi (RJ) e ao deputado Paulinho da Força (SP). No entanto, só após aeleição da direção nacional do PDT, marcada para o próximo dia 22 de março, é que Eduardo Campos terá condições a avaliar se contará formalmente com o partido e, consequentemente, com o tempo de televisão que cabe à legenda.
Na disputa pelo comando do PDT está o ministro do Trabalho, Brizola Neto (RJ), que tenta levar o partido para os braços da presidente Dilma Rousseff. Do outro lado, está Lupi que, defenestrado da pasta devido a denúncias de corrupção, enxerga na possível candidatura de Campos uma oportunidade de voltar à Esplanada.
Vice
Ainda no clima de indefinição, pedetistas não descartam pedir a vice na chapa socialista. O nome cogitado por alguns no partido para essa função seria o senador Cristovam Buarque (DF), que deixaria seus planos de se candidatar pela segunda vez à Presidência da República para fazer parte do projeto socialista. Em troca, o PDT apoiaria a candidatura do senador Rodrigo Rollemberg (PSB) ao governo do Distrito Federal.
No PSB, a vice para o PDT é vista como uma reivindicação natural visto que, no leque de alianças que Eduardo Campos vem trabalhando, o PDT seria o maior partido da possível composição. As conversas entre socialistas e PDT envolvem ainda a intenção de apoio mútuo entre Eduardo Campos e o senador Pedro Taques, que será candidato ao governo do Mato Grosso.
Financiamento
Já com o PTB, Eduardo Campos tem se mantido próximo do senador Armando Monteiro (PE), que deverá ser o candidato da legenda para sucedê-lo no governo de Pernambuco, e com o deputado estadual Campos Machado, que é secretário-geral do diretório nacional e comanda o partido em São Paulo. Pelo bom trânsito entre o setor industrial, Monteiro também é considerado fundamental para atrair financiamentos para a campanha no setor.
Para ter o PTB inteiro em sua campanha, Campos teria que vencer ainda resistências pontuais como o senador Gim Argelo (DF), que tenta manter-se próximo a Dilma Rousseff e é visto pelo PSB como o maior obstáculo a aliança com os trabalhistas.
Embora mantenha contatos com Monteiro e Campos Machado, Eduardo Campos considera fundamental obter um acordo direto com o presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson. Mesmo afastado por motivos de saúde, há um entendimento interno no PTB de que Jefferson não deixará o posto, a menos que decida fazê-lo, e que nenhuma articulação nessa direção será tolerada.
Insatisfação
O DEM também é um partido dividido e os socialistas têm apostado na insatisfação interna de setores da legenda com o tradicional parceiro eleitoral, o PSDB. O PSB vem buscando diálogo com os deputados federais Onyx Lorenzoni (RS) e Efraim Filho (PB), mas terá que lidar ainda com a ala mais resistente a um rompimento com os tucanos.

As informações são de Luciana Lima e Marcel Frota do iG