Rio -  A presidenta Cristina Kirchner quer que o Reino Unido se retire das Ilhas Malvinas (Falkland), deixando-as para serem ocupadas pela Argentina. Há poucos dias foi realizado ali um plebiscito, e quase 100% dos milhares de habitantes das ilhas foram contra. Apenas três pessoas se pronunciaram favoravelmente. A razão é simples. Praticamente todos os moradores das Falkland são britânicos ou descendentes deles. Todos falam inglês. Se os habitantes das ilhas querem continuar ali, fazendo parte do Reino Unido, não há como a ONU obrigá-los a sair, para dar lugar aos argentinos. Seria contra todos os princípios de autodeterminação dos povos.
Existem no mundo diversos exemplos de países que têm uma ou várias frações do seu território separadas da metrópole, e as Ilhas Falkland são um deles. Não são uma colônia, mas fazem parte do Reino Unido, embora estejam a milhares de quilômetros de Londres.
Cristina afirma que a existência de uma colônia britânica na América do Sul é um anacronismo. Esquece-se a presidenta Kirchner de que não apenas próximo ao Brasil, mas fazendo longa fronteira com o nosso país, existe um território muito maior do que as Malvinas, chamado Guiana Francesa, que faz parte de um país que fica tão longe da América do Sul como o Reino Unido, que se chama França. Reclamou ela no ano passado sobre a presença de um moderno navio de guerra britânico, fazendo manobras nas águas das Falkland. Se isso incomodou a Argentina e foi considerado “militarização do Atlântico Sul”, o que dizer da existência de uma grande base de lançamento de foguetes e satélites (uma das maiores do mundo) na localidade de Kourou? Nada.
No início do século 19, antes de serem ocupadas pelos ingleses, as Ilhas Malvinas estiveram sob o controle dos argentinos. Deveriam, pois, ser devolvidas a eles. Ora, se prevalecer essa linha de raciocínio, devemos devolver o Brasil a Portugal, e a própria Argentina, então, não pode mais ser governada por Cristina, porque deve ser devolvida à Espanha!!!
Arquiteto e escritor. Autor do livro ‘Corcovado — A conquista da montanha de Deus’