Venezuela -  O governo venezuelano está reunido no Palácio presidencial de Miraflores com o alto comando militar, informou nesta terça-feira o canal estatal de televisão "VTV", em um momento em que o país aguarda informações mais precisas sobre a saúde do presidente Hugo Chávez.
A rede estatal anunciou que a reunião foi organizada para discutir "diversos projetos de desenvolvimento", embora o alto escalão dos participantes convocados, entre eles 20 governadores socialistas, tenha demonstrado preocupação.
Faixa pede a verdade sobre o estado de saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez | Foto: EFE
Faixa pede a verdade sobre o estado de saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez | Foto: EFE
O país permanece atento à evolução clínica do presidente Hugo Chávez depois que ontem o governo informasse da piora de seu estado por uma nova infecção severa, a qual lhe mantém em situação "muito delicada".
No último relatório oficial sobre o estado de Chávez, divulgado na noite de ontem, o ministro de Comunicação, Ernesto Villegas, confirmou "a piora da função respiratória do presidente, relacionada com o estado de imunossupressão próprio de seu estado clínico, e disse que Chávez possui uma nova e severa infecção".
Enquanto isso, nos arredores do hospital militar de Caracas, onde o presidente está internado, o ambiente era de tranquilidade, embora a Guarda de Honra, que nos últimos dias esteve controlando o acesso ao centro médico, permanecesse no local.
O presidente Chávez retornou a Caracas no último dia 18 de fevereiro depois de passar mais de dois meses em Cuba, onde, no último dia 11 de dezembro, foi submetido a quarta cirurgia em 18 meses contra um câncer situado na zona pélvica e cuja natureza não foi informada.
O governante, que não é ouvido desde o dia 10 de dezembro em seu país e só apareceu em fotografias divulgadas pouco antes de seu retorno a Caracas, respira com auxilio de uma cânula traqueal como consequência de uma infecção respiratória.
Venezuela expulsa do país adido militar da embaixada dos Estados Unidos
O governo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta terça-feira que expulsou o adido aeronáutico da embaixada dos Estados Unidos, David del Mónaco Monaco, por "propor projetos desestabilizadores" a integrantes das Forças Armadas.
O militar americano tem 24 horas para sair do país, disse o vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em um discurso televisionado.
Chávez piora devido à nova infecção respiratória e situação é 'delicada'
No documento, o Executivo afirma que Chávez está sendo submetido a sessões de quimioterapia de "forte impacto", além de outros tratamentos complementares para tentar combater o câncer contra o qual vem lutando. "O estado geral continua sendo muito delicado", afirmou Villegas.
Chávez não é visto ou ouvido, exceto através de fotos divulgadas pelo governo em fevereiro, desde que foi submetido a quarta cirurgia em Cuba em dezembro de 2012 para a retirada de um tumor não especificado. Ele foi diagnosticado com a doença pela primeira vez em junho de 2011.
Foto: Divulgação
Foto de fevereiro foi a última imagem de Chávez divulgada pelo governo venezuelano. Presidente é visto ao lado de suas duas filhas | Foto: Divulgação
Segundo o governo, ele retornou ao seu país em 18 de fevereiro e, desde então, está internado no hospital militar de Caracas.
Villegas afirmou que Chávez estava "junto a Cristo e consciente das dificuldades que enfrenta". Ele também aproveitou a oportunidade para atacar "a direita venezuelana corrupta" pelo que chamou de guerra psicológica que pretende criar "cenários de violência como pretexto para intervenção estrangeira". Ele convocou os partidários de Chávez para estar "em pé de guerra".
Saques e um suposto levantamento militar foram alvo de intrigas que circularam nas redes e em mensagens de texto enviadas por celular. O impacto dos rumores tem sido tanto que o governo fala de uma "guerra de contra-informação" para desestabilizar o país.
Caso Chávez não tenha mais capacidade de exercer a presidência, a oposição poderia competir com um candidato do governo em uma eleição que, segundo os opositores, deveria ter sido convocada logo que Chávez não tomou posse em 10 de janeiro .
De fato, a campanha já teve início, apesar de não declarada, com o vice-presidente Nicolás Maduro, que Chávez disse que iria sucedê-lo, frequentemente defendendo em cadeia nacional pela televisão "a revolução".
Chávez foi reeleito em 7 de outubro , e é esperado que seu adversário na ocasião, o governador de Miranda, Henrique Capriles, volte a se candidatar.
O militante pró-Chávez Enrique Barroso pareceu solene ao atender o telefone na noite de segunda-feira. "Isso não é fácil para ele nem para nós", disse. "Convocamos o povo a rezar e fazer uma vigília pela saúde do presidente."
Uma das três filhas de Chávez, Maria Gabriela, agradeceu às orações via Twitter. "Venceremos", escreveu, reproduzindo uma frase conhecida de seu pai. "Com Deus sempre."
Silêncio e rumores
Há rumores de que o tumor de Chávez se espalhou para seus pulmões e não pode ser curado. No fim de semana, boatos sobre uma piora de seu estado de saúde e inclusive de seu suposto falecimento dominaram as redes sociais.
Na semana passada, Maduro disse que o presidente estava sendo submetido a quimioterapia desde janeiro. Em Cuba, Chávez teve uma severa infecção respiratória em dezembro que quase o matou, segundo informou o vice-presidente. Um tubo traqueal foi injetado no presidente e autoridades do governo afirmaram que Chávez tinha dificuldades para respirar.
O governo venezuelano deu sinais confusos sobre os dias de pós-operatório de Chávez e no início de fevereiro, pesquisas de opinião apontavam que três em cada cinco venezuelanos acreditavam que o presidente se recuperaria.
Em Cuba, Chávez foi submetido a diversos tratamentos com radiação e quimioterapia após sua cirurgia.
Protestos
No fim de semana, chavistas e anti-chavistas realizaram pequenas manifestações em Caracas . Os primeiros para defender o "direito à recuperação" do presidente e os outros para exigir "a verdade" sobre seu estado de saúde. A coalizão opositora exige que uma junta médica avalie a saúde de Chávez para determinar se novas eleições devem ser convocadas.
Estudantes protestam acorrentados exigindo respostas sobre o estado de saúde do presidente Hugo Chávez | Foto: EFE
Estudantes protestam acorrentados exigindo respostas sobre o estado de saúde do presidente Hugo Chávez | Foto: EFE
Na sexta-feira, altos funcionários do governo inauguraram, acompanhado de uma das filhas de Chávez, uma capela no Hospital Militar de Caracas, onde o líder venezuelano está sendo tratado.
O semblante de tristeza visto no rosto dos dirigentes governistas, principalmente o de sua filha Maria Gabriela, foi alvo de especulações sobre o suposto deterioramento da saúde do mandatário. Ao mesmo tempo, o governo envia mensagens de esperança, dando margem à interpretação de que a recuperação de Chávez seria favorável.
"Tristeza? Não posso estar feliz se meu pai está doente! Mas continuo apegada a meu Deus", retrucou a filha do presidente em sua conta no Twitter, em resposta aos comentários nas redes sociais, na sexta-feira.
 


As informações são da EFE