Moacyr Luz: Sebastião flechado
Voltando no tempo, início dos anos 90, um amigo liga do orelhão vermelho com voz de sussurro: “Estou olhando pro Tom Jobim! O maestro tá sentado com três feras no Arataca, Cobal do Leblon”... Desliguei antes de ele pronunciar o ‘ene’ do bairro. Táxi na quarta marcha e, em 15 minutos, estava encostando o ombro no balcão que vendia ovos jumbos, posicionado em frente ao gênio Brasileiro de Almeida Jobim.
A cidade se reinventa entre ferros torcidos e Maracanã inacabado.
Marcelo Barsa, o superchef do Cadeg, me convida pra comer ostras na peixaria do Posto Seis, dentro da pequena aldeia de pescadores à sombra do Forte de Copacabana. Após o susto com tamanha sofisticação, poder dispor dessas pérolas frescas vestido a rigor, de chinelos e sem camisa, acende a seta do meu GPS interno: Sim, Rio de Janeiro. Pra fechar o dia na Princesinha do Mar, atravesso a Paula Freitas mirando no bicheiro da esquina.
Na dúvida entre cercar a centena de um sonho revelador, escuto o grave do apontador: “Eu tenho um disco seu”... Com o troco, apostei na milhar do talão, deixei uma cerveja paga e, a pedido do malandro, solfejei alguns versos:
Brasil, tiras as flechas do peito do meu padroeiro
Que São Sebastião do Rio de Janeiro / Ainda pode se salvar!
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