sexta-feira, 17 de maio de 2013

Carlos Alberto Rabaça: Direito dos homossexuais


Carlos Alberto Rabaça: Direito dos homossexuais

Para sobreviver como sociedade e cultura, temos necessidade de ajustar nossas instituições

O DIA
Rio - Ao avaliar decisão de 2011 do STF, que considerou a união de homossexuais com os mesmos direitos de heterossexuais, o Conselho Nacional de Justiça aprovou resolução que obriga todos os cartórios do país a registrar casamentos gays, garantindo o que é moralmente justo, como herança do parceiro e adoção de crianças. De fato, vivemos uma revolução da sexualidade. As tecnologias, sobretudo as dos meios de comunicação de massa e as de controle da natalidade, estão se combinando com diferentes avanços socioeconômicos para criar um conjunto de regras inteiramente novas, mudanças radicais nos valores de conduta que regem as relações entre heterossexuais e homossexuais.
Nossas tradições religiosas e sociais criaram um conjunto único e circunstanciado de indicações morais para as relações que envolvem o intercâmbio genital. O sexo era um monstro insaciável que lutava, constantemente, por escapar ao controle das faculdades superiores do homem. Todavia, o sexo é tão fundamental para a natureza humana que não se pode negar, nem suprimir como ele se manifesta.
Em suma, para sobreviver como sociedade e cultura, temos necessidade de ajustar nossas instituições para satisfazer as necessidades humanas nesse novo meio ambiente. Já atingimos o ponto em que não é mais possível regressar ao passado, aplicando os mesmos valores à orientação de nossa vida futura como sociedade. Esta vem aceitando, lenta e dolorosamente, uma estrutura social em que novos casais participarão com os direitos conquistados, da mesma maneira com que o relacionamento homem e mulher se mantém desde os primeiros tempos. A força que, certamente, ligará essas pessoas poderá ser não só o vínculo do prazer, mas o do respeito recíproco. A ética do sexo dará lugar a uma estética do sexo, ainda não expressa.

Sociólogo e professor

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