Rio -  E a virgem não teve a sua primeira vez no Fashion Rio. A participação de Catarina Migliorini no desfile da TNG, ontem, às 22h, no evento, foi cancelada na última hora, depois de a grife ter anunciado que ela seria a estrela do show, ao lado do ator Rodrigo Lombardi, o Théo de ‘Salve Jorge’. Os desfiles, que começaram ontem no Píer Mauá, seguem até amanhã apresentando o que será moda no inverno 2013. A catarinense de 20 anos, que ficou famosa por ter leiloado a virgindade por R$ 1,5 milhão para um japonês, por conta do documentário ‘Virgins Wanted’, veio da Austrália e, hospedada no Rio, foi convidada somente para assistir à apresentação na primeira fila da plateia.

Moça perdeu chance de desfilar | Foto: Reprodução Internet
Moça perdeu chance de desfilar | Foto: Reprodução Internet
O veto à jovem teria partido de Paulo Borges, o chefão do Fashion Rio, que não gostou de associar a imagem do evento com a da moça. “Não falo em nome das marcas. Só posso falar em nome do evento. Não lido com o conteúdo (desfile), o estilista é responsável pelo bem e pelo mal do que acontece na passarela. Não é uma questão de me desagradar, acho que a decisão da TNG aconteceu por eles terem recebido críticas nas redes sociais e tiveram bom-senso”, desconversou Paulo Borges.
O diretor geral da marca, Tito Bessa Jr., teria resistido o quanto pôde, até pelo fato de Catarina ter assinado um contrato milionário com a grife e ter voltado ao Brasil só para isso. Mas ele teria recuado diante de possíveis futuras represálias da organização do evento. “Desisti em respeito aos meus clientes e por conta da repercussão negativa. A marca não tem preconceitos, mas quando fazemos uma ação que não agrada nossos clientes, o mais certo é tirar”, apaziguou o empresário.
Lea também causou polêmico quando desfilou | Foto: Reprodução Internet
Lea também causou polêmico quando desfilou | Foto: Reprodução Internet
“Ficou feio para ele (Tito Bessa, estilista), feio para a marca. Isso encobre a proposta da grife. Ninguém vai ver o desfile da TNG. O povo vai para ver o Rodrigo Lombardi. Quando se propõe algo diferente, para mostrar a diversidade, ok. Mas levar uma pessoa que não acrescenta nada, que só chama a atenção, o nome disso é oportunismo”, avalia Beto Neves, estilista da Complexo B, que levou, em 2009, pela primeira vez, o travesti Patrícia Araújo à passarela.
Veterano nas semanas de moda do eixo Rio-São Paulo, Carlos Tufvesson também achou a proposta fora do tom. “Nos meus desfiles sempre tive muitas celebridades na plateia. Só que sempre eram clientes da grife. Acho que o complicado é quando a criatura não tem nada a ver com a marca e está ali por contrato, pois não existe identificação de imagem”, argumenta.
Veto à participação da ‘virgem’ teria partido de Paulo Borges | Foto: Divulgação
Veto à participação da ‘virgem’ teria partido de Paulo Borges | Foto: Divulgação
E se entre os estilistas o assunto foi mal visto, entre as profissionais das passarelas foi ainda pior. “A gente trabalha horrores para desvincular modelo de prostituta e aí acontece uma situação dessas. Ela (Catarina) não ficou feliz com o que ela ganhou? Então que continue no mercado que ela está e que não venha para o lado de cá”, reclama a diretora da Ford Models, Morgana Arruda. “Se essa menina desfilasse seria uma falta de respeito com os profissionais de moda”, concorda a top internacional Daiane Conterato.
Histórias polêmicas
Não é de hoje que as polêmicas pintam e bordam no Fashion Rio e na São Paulo Fashion Week. Em 2006, com a morte da modelo Ana Carolina Reston, a anorexia entrou em pauta e o fato de a imagem fashion ser a de meninas muito novas e magras foi duramente criticada por vários setores da sociedade. A pressão externa deu certo e, a partir de 2007, apenas garotas com mais de 16 anos com laudo médico atestando condição saudável puderam riscar a passarela das semanas de moda do Rio e de São Paulo.
Mas se as muito magras recebem veto, volta e meia as curvilíneas despertam a ira dos fashionistas. Que o diga Daniella Cicarelli, considerada uma das mulheres mais bonitas do Brasil na época, que foi chamada de gorda no desfile da Cia Marítima, em 2004, na São Paulo Fashion Week. No começo deste ano, a modelo Camila Macedo, dublê de Luana Piovani, foi barrada num desfile do Rio Moda Hype por estar fora do padrão exigido, provocando revolta até da própria Luana.
A ausência de negros nos castings também já foi alvo de reclamações de quem não entende por que somos representados apenas por meninas branquelas e louríssimas. Mais de uma vez, os próprios modelos negros botaram a boca no trombone.  
A participação da transexual Lea T., em 2011, no desfile da marca de moda praia Blue Man, no Fashion Rio, também deu pano para manga. A filha do ex-jogador Toninho Cerezo e garota-propaganda da grife Givenchy desfilou de biquíni e ganhou as primeiras páginas de todos os jornais, levantando a bandeira da diversidade que a moda tanto ama. Talvez Tito Bessa Jr., da TNG, tenha seguido essa mesma filosofia, mas a sua eleita levou cartão vermelho.
Passarelas no primeiro dia
O primeiro dia da 22ª edição do Fashion Rio foi aberto com a apresentação do Rio Moda Hype, com destaque para a marca Wasabi. À tarde, a primeira a desfilar foi a Aquastudio. A grife de Esther Bauman inspirou-se nas queimadas do cerrado brasileiro para desenvolver looks de festa. As peças vieram estruturadas, em tons escuros ou neutros, e em materiais como linho, couro e renda. 
Em seguida, foi a vez de Herchcovitch, a marca mais popular de Alexandre Herchcovitch, fazer um mix que deu supercerto. A mistura do étnico, no caso estampas do Peru, com o retrô, na pegada dos 60, agradou. Destaque para a jaqueta jeans que se transformou num verdadeiro poncho. A Oh, Boy! seguiu com um inverno divertido, baseado nos ‘trending topics’ do Instagram. Estampas superfofas de cachorros e camiseta com figura de gatos prometem fazer sucesso comercialmente. 
A sensação do desfile foram um cachorro e um gato, que vieram no colo das modelos. A Alessa continuou a noite, apresentando uma coleção quase toda preta. A TNG fechou a noite com Rodrigo Lombardi.