Contagem (Minas Gerais) -  A dentista Ingrid Calheiros, atual mulher do goleiro Bruno, afirmou que ele dirá tudo o que sabe em seu depoimento, previsto para esta terça-feira, no Tribunal do Júri de Contagem, em Minas Gerais. Ingrid disse ainda que não há possibilidade de acordo entre Bruno e a acusação, para que uma confissão reduza a pena do jogador.
Ao chegar para segunda sessão do julgamento do goleiro, ela contou também que Bruno está muito magoado com o ex-amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão. "Depois de tudo que ele fez, né?", desabafou, lembrando da confissão do ex-ajudante do goleiro que acusou o jogador de ser o mandante da morte da ex-modelo Eliza Samudio.
Cabisbaixo, Bruno aparece perto de Dayanne no segundo dia de julgamento | Foto: Aline Freire / Agência O Dia
Cabisbaixo, Bruno aparece perto de Dayanne nesta terça, segundo dia de julgamento | Foto: Aline Freire / Agência O Dia
Ingrid Calheiros resolveu quebrar o silêncio que manteve desde o primeiro julgamento do caso, em novembro, e falou com a imprensa nesta terça-feira. A dentista - que chegou ao e Tribunal do Júri de Contagem usando pingente com a letra B de Bruno - contou que tem conversado com o marido e que ele está confiante, apesar de tenso.
"A gente não fala sobre o que vai ser porque essa parte técnica fica com os advogados. Falamos de Deus, de fé e do nosso futuro", disse Ingrid, revelando que o goleiro se converteu à religião evangélica. Dezenove quilos mais magro e visivelmente abatido, o jogador segurou uma Bíblia no plenário e chorou durante a sessão desta segunda.
A primeira testemunha ouvida nesta terça foi João Batista Alves, policial da Divisão de Homicídios de Contagem, em Minas Gerais. Bruno é acusado de matar Eliza, em 2010.
Bruno é cumprimentado por Quaresma, seu ex-advogado e atual de Bola | Foto: Aline Freire / Agência O Dia
Bruno é cumprimentado por Quaresma, seu ex-advogado e atual de Bola | Foto: Aline Freire / Agência O Dia
Ele relembrou o depoimento que colheu de Cleiton Gonçalves, amigo de Bruno, que admitiu ter levado a Range Rover do goleiro, onde havia manchas de sangue de Eliza, para um lava-jato.
A segunda testemunha foi Célia Aparecida Rosa Sales, prima do goleiro. Ela afirmou que Eliza Samudio chegou a ameaçar contar a Bruno o que sabia sobre Macarrão. Célia foi convocada pela defesa de Dayanne Rodrigues, ex-mulher de Bruno, que é acusada pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho.
"Não sei porque esse gordo está rindo. Se eu contar as coisas que eu sei dele para o Bruno, a vida boa vai acabar", teria ameaçado Eliza Samudio, para Bruno e Célia, se referindo a Macarrão, quando estavam juntos no sítio do jogador, em Esmeraldas, Minas Gerais. 
Bruno deixou a penitenciária Nelson Hungria, também em Contagem, às 8h02 e chegou ao Fórum às 8h22. A juíza Marixa Rodrigues abriu oficialmente a sessão às 9h15.
Advogados devem pedir anulação do julgamento
Os advogados de Bruno devem pedir nesta terça-feira ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais a anulação do julgamento. O argumento é o de que a juíza Marixa Fabiane Lopes desrespeitou a Lei ao emitir a certidão de óbito de Eliza. “Se a Justiça diz que a Eliza morreu em Vespasiano, o juiz de lá e quem deveria emitir a certidão. Entramos com um recurso que suspendia o julgamento enquanto a questão não fosse definida. Ou seja, a juíza desrespeitou a Lei”, explicou Lúcio Adolfo.
A juíza alegou que poderia ter emitido o documento e que não suspenderia a audiência. “A Lei permite exceções”, afirmou. Manifestantes protestaram contra a absolvição de Bruno, como a artista plástica Gilmara de Oliveira.

Caso Eliza Samudio: Imagens do 2º dia de julgamento

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Bruno conversa com o advogado Lúcio Adolfo
Bruno chora e lê a Bíblia no primeiro dia de julgamento
Com destino na marca do pênalti,os advogados do goleiro Bruno Souza apostaram nesta segunda, no primeiro dia de julgamento do jogador pela morte de Eliza Samudio, mãe do filho dele, no debate cara a cara com o promotor Henry Vasconcelos. Até uma confissão do atleta para obter uma redução de pena não está descartada, embora a defesa por enquanto negue. Os advogados de Bruno dispensaram cinco testemunhas que prestariam depoimento em favor do ex-craque. O veredicto sobre Bruno está nas mãos de cinco mulheres e dois homens. O ex-goleiro se comportou na audiência como quem espera o perdão —segurou Bíblia e chorou.
“Estou aberto à negociação, mas sem trairagem”, definiu Lúcio Adolfo, advogado do jogador. A testemunha mais esperada do julgamento, Jorge Luiz Rosa Lisboa, não compareceu, como O DIA antecipou com exclusividade nesta segunda. Para suprir a ausência do primo de Bruno, o promotor remontou as declarações dadas por ele através do depoimento da delegada Ana Maria Santos, que investigou o caso.

Ela revelou pontos importantes, como o fato de Jorge ter apontado sangue de Eliza no carro de Bruno, ter feito até xixi quando chegou perto da casa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como executor, além de ter detalhado a execução. Quando a delegada relembrou os relatos sobre a asfixia e morte da jovem, Sônia Moura, mãe da vítima, chorou. “O Jorge pode ser um mentiroso, mas ele falou muitas verdades que foram comprovadas no processo”, analisou o promotor Henry.
Hipótese de delação
Para o criminalista Luiz Flávio Gomes, nos debates dos advogados com o promotor, que devem acontecer até amanhã, a defesa vai desconstruir o depoimento de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que acusou Bruno de ser o mandante do crime. Eles trabalham com a hipótese de o atleta aceitar a redução de pena por delatar outros envolvidos. “A possibilidade dele delatar está sendo considerada. No tribunal, ele se comportou como alguém que quer o perdão”, analisou Gomes.