Morte de Hugo Chávez cria incertezas na Venezuela
Após 20 meses, presidente perde a luta contra o câncer e esquerda fica sem seu líder
Emocionada, senhora mostra o seu apoio ao líder venezuelano | Foto: EFE
“Chávez deixa como herança uma pátria livre e independente. Temos que crescer nesta dor. Comandante Chávez, obrigado por tudo o que fez por este povo. Pedimos que nossa dor seja canalizada em paz, com tranquilidade. Convocamos todos os venezuelanos a ser vigilantes da paz, do respeito, da tranquilidade desta pátria. Transmitimos a seus familiares e a todo povo nossa dor nesta tragédia histórica”, declarou.
“Os que morrem pela vida não podem ser chamados de mortos. Honra e glória para Chávez, que viva para sempre”, concluiu Maduro, chorando. “Mil vezes obrigado. À frente, sempre!”, escreveu no Twitter María Virginia, filha de Chávez. O funeral começa na sexta. Foi decretado luto oficial de sete dias: escolas e repartições ficarão fechadas.
NOVAS ELEIÇÕES EM ATÉ 30 DIAS
A morte joga o país na incerteza. Chávez fora reeleito presidente em outubro, e não chegou a tomar posse. Maduro ficou à frente do país. Agora, a constituição obriga o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, a assumir o cargo e convocar eleições em até 30 dias. Analistas dizem que Chávez só teria se preocupado em indicar Maduro como herdeiro político quando já não podia mais esconder a doença.
Morre Hugo Chávez, líder venezuelano
Chávez durante um discurso na Praça da Revolução, em Havana, Cuba
Há dúvidas se integrantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) vão aceitar Maduro, ex-condutor de metrô, como líder. O principal ‘concorrente’ dele à frente do chavismo é justamente Cabello, militar reformado.
Maduro culpa ‘inimigos’ pelo câncer
Horas antes de a morte, Maduro atacou os “inimigos da pátria”, em especial os Estados Unidos, responsabilizando-os até pelo câncer de Chávez. Dois funcionários da embaixada americana foram expulsos da Venezuela, sob acusação de conspiração: estariam aliciando militares para desestabilizar o país.
Eles foram identificados como David del Mónaco e Deblin Costal. “Não temos dúvida de que vai chegar o momento indicado na história em que comissão científica poderá comprovar que o comandante foi atacado”, disse.
Líderes em todo o mundo lamentam morte de Chávez
Logo após o anúncio da morte, personalidades e políticos em todo o mundo se manifestaram. No Brasil, a presidenta Dilma Rousseff disse, na abertura do 11º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, em Brasília, que Chávez foi “uma liderança comprometida com seu país e com o desenvolvimento dos povos da América Latina. É uma perda irreparável, de um amigo do Brasil”.
Dilma cancelou a viagem que faria amanhã à Argentina e vai ao velório de Chávez. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota de solidariedade ao povo venezuelano, aos familiares e aos correligionários de Chávez: “Tenho muito orgulho de ter convivido com Chávez. Confio que o seu exemplo de amor à pátria e sua dedicação à causa dos menos favorecidos continuarão iluminando o futuro da Venezuela”, afirmou.
Pelo Twitter, o líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, pediu a “união dos venezuelanos”. Em nota, o presidente dos EUA, Barack Obama, reafirmou o apoio do seu país ao povo venezuelano e o seu interesse no desenvolvimento de uma relação construtiva.
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