Rio -  No Cacique de Ramos, tudo é feito em clima de festa. Feijoada rolando, tamborins tocando e a tamarineira, amuleto do local, abençoando as gerações de sambistas que se reúnem ali. Em meio a este cenário, é anunciado que a vida de Bira, o presidente à frente do bloco carnavalesco durante os seus 52 anos de existência, vai virar o filme intitulado ‘Patuá Tamarindo’.
Bira, presidente do Cacique de Ramos, ao lado da famosa tamarineira | Foto: Divulgação
Bira, presidente do Cacique de Ramos, ao lado da famosa tamarineira | Foto: Divulgação
Ainda em fase de pré-produção e com o início das filmagens previstas apenas para 2014, a cinebiografia já empolga o homenageado. “Tenho uma missão espiritual como carnavalesco e sambista. Larguei dois empregos públicos para me dedicar totalmente ao Cacique. Somos o único bloco que nunca deixou de desfilar nem um ano em mais de cinco décadas”, diz Bira, de 72 anos que, por lá, viu os principais nomes do samba se consagrarem, como Arlindo Cruz, Jovelina Pérola Negra e Zeca Pagodinho, entre muitos outros.
Mas, diz a lenda que o responsável por tanto sucesso não é o presidente do bloco e sim a árvore frondosa que dá vida ao quintal da sede da rua Uranos. Após receber um trabalho espiritual feito pela mãe de Bira, a tamarineira se tornou o amuleto do local. “Minha mãe disse que todos aqueles que tivessem dotes e boas intenções teriam espaço e a bênção desta casa. Eu fui o primeiro agraciado, com o Fundo de Quintal, grupo do qual faço parte”, lembra o sambista.
A ideia do longa surgiu após o cineasta Eduardo Maruche ser apresentado a Bira pelo compositor Jorge Aragão. “Fiquei maluco com as histórias que descobri. É muita coisa para contar. Por isso, o filme trata da trajetória espiritual de Bira e do Cacique”, explica o diretor.
“Quando Maruche pôs a mão na árvore pela primeira vez, começou a chorar e tremer. Eu vou virar filme, mas a tamarineira que é a grande estrela do Cacique”, conclui Bira.