Rio -  Não é todo dia que uma gigante do samba comemora 90 anos de existência. E foi nesta quinta-feira que a Portela, tradicional berço de bambas, em meio a uma das mais acirradas disputas de sua história, comemorou nove décadas de títulos e glórias.
Mesmo com a campanha pela presidência a pleno vapor, dividindo as opiniões na escola, os portelenses enfeitaram a quadra e celebraram uma missa em Ação de Graças, com direito a altar enfeitado e bolo no final.
Resfriado, Monarco, baluarte da agremiação, não pôde comparecer. “Meu coração está lá”, disse o compositor, que chegou à escola quando tinha apenas 13 anos. O sambista relembra os momentos de esplendor.
Representantes e comunidade se uniram na quadra da escola na noite desta quinta, durante a celebração de uma missa em Ação de Graças | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Representantes e comunidade se uniram na quadra da escola na noite desta quinta, durante a celebração de uma missa em Ação de Graças | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
“Minha maior alegria era quando a carreata chegava nas ruas de Madureira. Depois de uma vitória, ouvir os fogos no ar”, recorda o bamba, que em se tratando das eleições na Majestade do Samba — que acontece em maio — é taxativo.
“Quero que a atual direção seja afastada e que a Portela mude os rumos. Antes que a vaca vá para o brejo. Hoje em dia, quem tem uma calça branca desfila. O lugar da Portela é no topo. Ná dá para ficar desfilando só para não cair”, defende. Esse ano, a agremiação amargou a sétima colocação.
Quem faz coro com Monarco é o candidato de oposição Sérgio Procópio, integrante da Velha Guarda. “O portelense está triste. Queremos que a comunidade volte para dentro da escola, participe das feijoadas”, disse Sérgio, que percebe uma elitização da Azul e Branco. “Se a nossa chapa vencer, já temos 26 empresas que nos apoiam”.
O atual presidente, Nilo Figueiredo, aos 74 anos, está na direção desde 2004 e rebate as críticas. “Fizemos muito pela Portela e quero fazer mais. Vamos expandir projetos com crianças e adolescentes. A escola é a paixão da minha vida”, derrete-se Nilo, e completa: “Não tem nada de elitização na Portela. Muito pelo contrário!”.
As comemorações de aniversário continuam no dia 29 deste mês, com programação musical e exposições relembrando os melhores momento da maior campeã do Carnaval carioca — com 21 títulos — e o passado glorioso que o portelense quer ver repetido na Avenida.