quarta-feira, 15 de maio de 2013

Brasileira vive drama de Angelina Jolie


Brasileira vive drama de Angelina Jolie

Jovem está fazendo preparo psicológico e clínico para retirar as mamas mês que vem

BEATRIZ SALOMÃO
Paranaguá (Paraná) - Há dois meses, Kelly Cristina Almeida, 29 anos, perdeu a mãe de 51 anos, vítima de câncer de mama. A tia e a avó maternas também tiveram a doença. Kelly, então, fez a mesma análise genética que Angelina Jolie. E o resultado foi parecido: a dona de casa de Paranaguá, no Paraná, tem alteração no BRCA1 e apresenta 85% de chances de ter câncer de mama.
Há dois meses, Kelly passou por drama semelhante ao da atriz americana: a mãe morreu de câncer de mama
Foto:  Reprodução
Assim como a atriz, Kelly já se prepara para a dupla mastectomia preventiva, que ocorrerá mês que vem. Ela tem dois filhos, de 5 e 10 anos de idade. “Não quero que meus filhos passem pelo que passei, ficando órfãos. Sei dos riscos, mas farei a cirurgia. Faria mesmo que não houvesse a reconstrução. Não quero que a história se repita”.
Atualmente, Kelly faz acompanhamento psicológico e passa por exames clínicos preparatórios para a cirurgia. Ela conta que o DNA da mãe foi armazenado para que ela pudesse fazer a análise genética. Assim como Angelina, ela conta com o apoio do marido.
Ontem, após o anúncio da atriz, a âncora da CNN, Zoraida Sambolin, 47, revelou ter câncer de mama e que vai tirar os seios. Já Sharon Osbourne, mulher do roqueiro Ozzy, e a brasileira Rita Lee fizeram mastectomia dupla preventiva.
Precisão e custo alto
A análise genética é indicada só para pessoas com três casos de câncer detectados nas gerações mais próximas da família (até os avós). De acordo com o oncogeneticista José Cláudio Casali, do Hospital Erasto Gaertner, no Paraná, exame de sangue ou saliva é capaz de detectar os riscos de qualquer câncer. Primeiro, é feito o teste em alguém da família que já teve a doença, para que o DNA do paciente possa ser comparado e os riscos, calculados. “Mulheres que perderam parentes por câncer de mama tendem a retirar o seio”, disse. Planos de saúde são obrigados a cobrir o exame, que pode custar cerca de R$ 6 mil.
Técnica apenas em último caso
Apesar de reduzir a 5% as chances de câncer de mama, a mastectomia apresenta riscos, como hemorragia, infecção,hematoma e enrijecimento da região. A mulher perde a sensibilidade do mamilo e sente mais frio na região, pois a prótese não aquece.
“A mastectomia é para casos de grande risco e a mulher deve estar consciente dos problemas. A tendência pode ser controlada com medicamentos”, diz o mastologista do Centro Oncológico de Niterói, Rodrigo Souto.
Angelina Jolie comove o mundo ao revelar que retirou os seios
Símbolo mundial de beleza, a atriz americana Angelina Jolie tomou decisão radical para reduzir as chances de sofrer dos cânceres de mama e ovário. Ela retirou os dois seios e já planeja a remoção dos ovários. A bela sofre de mutação genética que a deixa com 87% de risco de ter câncer de mama e 50% de desenvolver a doença no ovário.
Atriz disse que fez dupla mastectomia preventiva após descoberta de uma mutação genética que aumentaria a probabilidade da estrela ter câncer de mama e de ovário
Foto:  Reprodução Internet
No Brasil, a dona de casa Kelly Cristina Almeida, 29 anos, descobriu ter o mesmo defeito genético da americana. E vai fazer a mastectomia no mês que vem. Após a retirada dos seios, as chances de desenvolver a doença caem para 5%.
Texto escrito pela atriz e publicado ontem no jornal ‘New York Times’ relata que a decisão foi motivada pela morte da mãe, aos 56 anos, por câncer de mama, e pela descoberta de que a própria Angelina carregava a mutação do gene BRCA1.
“Decidi ser pró-ativa e minimizar o risco o quanto podia”, escreveu. Todo procedimento a que Angelina se submeteu foi de 2 de fevereiro a 27 de abril. O primeiro passo foi uma intervenção bastante dolorosa, segundo a atriz, para descartar problemas nos dutos mamários e aumentar as chances de preservação dos mamilos.
Duas semanas depois, a atriz, de 37 anos, fez a principal cirurgia, em que o tecido mamário é extraído completamente e expansores são colocados no local. A operação pode durar até oito horas e, de acordo com Angelina, a recuperação dura alguns dias.
Cerca de dois meses depois do início do tratamento, foi feita cirurgia de reconstrução das mamas com implantes. Durante o período, Angelina manteve a rotina de atriz e ativista dos direitos humanos.
Decisão pela mãe e pelas crianças
“Minha mãe lutou contra o câncer por quase uma década e morreu aos 56 anos”. A frase que inicia o texto de Angelina Jolie mostra um dos principais motivos da mastectomia da atriz. Ela disse que tenta explicar aos seis filhos (três são adotados) a doença que matou a mãe e eles perguntam se o mesmo pode ocorrer com ela. Após a cirurgia, Angelina afirmou que pode tranquilizar os filhos e que eles não precisam ter medo de perdê-la por câncer. “Ela viveu o suficiente para conhecer seus primeiros netos. Mas minhas outras crianças nunca terão a chance de conhecê-la”, relatou. Marcheline Bertrand, mãe de Angelina Jolie, morreu em 2007.
Brad Pitt encorajou mulher a enfrentar dor
O astro Brad Pitt, marido de Angelina Jolie há oito anos, teve participação especial no tratamento da atriz. Segundo ela, o companheiro esteve no Hospital Pink Lotus Breast Center, onde ocorreram os procedimentos, durante “cada minuto das cirurgias”.
“A escolha dela foi heróica”, diz Pitt. No texto, Jolie ressaltou a importância de maridos e namorados para mulheres que passam por problemas semelhantes. “Encontramos momentos para rir juntos. Sabíamos que era a coisa certa a fazer para nossa família”, disse.
Alerta a todas as mulheres
“Muitas vezes falo com meus filhos sobre a ‘mamãe da mamãe’, e me vejo tentando explicar a doença que a levou. Eles perguntaram se o mesmo poderia acontecer comigo. Eu sempre lhes disse para não se preocupar, mas a verdade é que eu carrego um gene defeituoso. Decidi ser pró-ativa e minimizar o risco. Tomei a decisão de ter uma dupla mastectomia preventiva. Comecei com os seios. Durante o processo consegui manter isso de forma privada e continuar com meu trabalho. Eu queria escrever isso para contar a outras mulheres que a decisão não foi fácil. Mas estou muito feliz de tê-la tomado. Posso dizer a meus filhos que eles não precisam ter medo de me perder para o câncer de mama. Eles veem minhas pequenas cicatrizes, e nada mais. Todo o resto é apenas a mamãe, do mesmo jeito que sempre foi. E eles sabem que os amo e que eu faria qualquer coisa para ficar com eles por todo o tempo que puder. Não me sinto menos mulher. Me sinto mais forte e tomei uma decisão importante que não diminui em nada minha feminilidade. Tenho esperança que outras mulheres também possam fazer exames genéticos e que, se tiverem alto risco, saibam que há opções.”
ANGELINA JOLIE, atriz, 37 anos
Com Agências Internacionais

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