sexta-feira, 5 de julho de 2013

Maré dá a sua versão

Maré dá a sua versão

Seis parentes de quatro vítimas de ação na semana passada prestaram depoimentos

VANIA CUNHA
Rio - Seis parentes de quatro vítimas do confronto violento ocorrido semana passada no Complexo da Maré prestaram depoimentos ontem à equipe da Divisão de Homicídios. Segundo o delegado Rivaldo Barbosa, o objetivo é fazer um trabalho de aproximação com os moradores e montar o quebra-cabeças sobre as mortes.
O delegado diz que ainda é cedo para falar em autoria, mas já sabe que os disparos que atingiram as vítimas foram transfixantes, o que pode indicar arma de grosso calibre: “Os laudos definitivos de necrópsia e de local poderão esclarecer se alguma das nove mortes foi execução”. 
Na equipe estavam dois delegados, três inspetores, um psicólogo e um perito, encarregados de confrontar os detalhes dos depoimentos com os laudos preliminares. Defensores públicos e integrantes da ONG Redes da Maré também acompanharam os relatos, que duraram mais de cinco horas.
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Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
O serralheiro César Antônio de Oliveira, pai da vítima José Everton, disse que não tem dúvida de que seu filho foi atingido por disparo dado por PM, apesar de não ter presenciado a cena. “Não tinha mais bandidos na rua nessa hora”, justificou. 
José Éverton, apreendido quando adolescente por crime análogo ao latrocínio, seguia para o primeiro dia de trabalho numa fábrica de salgados quando foi baleado. “No caminho para o hospital, ele mandou a mulher dele me dar a aliança e pediu que eu cuidasse de seus quatro filhos”, disse.
Semana que vem, o delegado começa a chamar comandantes de patrulhas que atuaram na ação. “Todos serão convocados para esclarecer o caso”, disse Rivaldo, que não descarta ouvir integrantes da cúpula da PM que comandaram a operação.


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