Marcus Tavares: Hits das festas infantis
Impressiona ver e sentir o quanto a comemoração de aniversários se transformou num grande e disputado evento, com programação extensa, requintada e cheia de etiquetas
Rio - Outro dia estive numa festa infantil, nestas que acontecem, cada vez mais, em casas (re)adaptadas para dar assas à imaginação das crianças e, principalmente, sem dúvida alguma, dos pais das crianças. Impressiona ver e sentir o quanto a comemoração de aniversários se transformou num grande e disputado evento, com programação extensa, requintada e cheia de etiquetas. A cada hora um show, uma apresentação, uma atividade, muitas vezes com direito a teatrinho, mágica, palhaços, animadores e, sem esquecer, é claro, a um miniparque de diversões. Barraquinhas de cachorro-quente, pipoca, algodão-doce e sorvete compõem o cenário. A mesa do bolo, com todos os enfeites, alguns inclusive ‘vivos’, é algo cinematográfico. Uma amiga disse já ter visto na porta de uma das casas de festas um pequeno elefante, recepcionando os convidados. “Festa classe A, cujo tema era o circo”, justificou. Não duvidei.
Mas o que mais me chama a atenção é a trilha musical. Pra começar, essas festas contam com a figura dos DJs, que, ao que parece, não têm muito trabalho. As músicas que tocam são praticamente as mesmas das baladas. Arrisco dizer que esta transformação vem ocorrendo desde os anos 90. Quem não se lembra, por exemplo, da ‘Dança da garrafa’? Bebês e crianças descendo na boquinha da garrafa. Cena patética. E pensar que nas décadas anteriores os hits eram do Carequinha, Toquinho e Vinicius de Moraes, com o famoso e inesquecível ‘Lá vem o pato’. Quanta mudança, não?
Arrisco dizer que esse novo cenário é fruto, em parte, da diminuição da produção de programas audiovisuais de qualidade para as crianças na televisão, que historicamente sempre conseguiram emplacar músicas na parada de sucessos. Não tem jeito: uma coisa está ligada a outra. Sim, existem músicas infantis bacanas que poderiam fazer a festa. Mas quase não ganham espaço. Seja pelos DJs ou pelos pais das crianças.
Neste cenário, o que temos hoje? Não duvidem: Naldo e Anitta. A dupla é o número um da ‘billboard kids’. Pelo que percebo, a máxima é a dança das cadeiras ao som do ‘Pre-para’ em alto e bom som. E isso tudo documentado pelas câmeras de celulares e com o forte coro dos pais. A ‘festa’ continua...
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia
Mas o que mais me chama a atenção é a trilha musical. Pra começar, essas festas contam com a figura dos DJs, que, ao que parece, não têm muito trabalho. As músicas que tocam são praticamente as mesmas das baladas. Arrisco dizer que esta transformação vem ocorrendo desde os anos 90. Quem não se lembra, por exemplo, da ‘Dança da garrafa’? Bebês e crianças descendo na boquinha da garrafa. Cena patética. E pensar que nas décadas anteriores os hits eram do Carequinha, Toquinho e Vinicius de Moraes, com o famoso e inesquecível ‘Lá vem o pato’. Quanta mudança, não?
Arrisco dizer que esse novo cenário é fruto, em parte, da diminuição da produção de programas audiovisuais de qualidade para as crianças na televisão, que historicamente sempre conseguiram emplacar músicas na parada de sucessos. Não tem jeito: uma coisa está ligada a outra. Sim, existem músicas infantis bacanas que poderiam fazer a festa. Mas quase não ganham espaço. Seja pelos DJs ou pelos pais das crianças.
Neste cenário, o que temos hoje? Não duvidem: Naldo e Anitta. A dupla é o número um da ‘billboard kids’. Pelo que percebo, a máxima é a dança das cadeiras ao som do ‘Pre-para’ em alto e bom som. E isso tudo documentado pelas câmeras de celulares e com o forte coro dos pais. A ‘festa’ continua...
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia
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