sábado, 5 de outubro de 2013

Sepe mantém greve em assembleia que lotou Clube Municipal

Sepe mantém greve em assembleia que lotou Clube Municipal

Nova passeata será realizada na segunda-feira. Segundo Secretaria de Educação, TJ ratificou decisão que classifica paralisação de ilegal

CAIO BARBOSA
Rio - A truculência da Polícia Militar contra os professores no sábado passado e na última terça-feira deu o tom da assembleia do Sindicado Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), realizada na manhã desta sexta-feira, no Clube Municipal, na Tijuca.
Num ginásio completamente tomado por mais de 5 mil professores e funcionários, a continuidade da greve na rede municipal foi aprovada por unanimidade. Também foram aprovadas a realização de uma passeata na segunda-feira, a partir das 17h, da Candelária à Cinelândia. No dia 11, será feito um ato em desagravo à violência policial com a presença de artistas e integrantes de movimentos sociais, entre outros atos de protesto.
Professores fizeram manifestação nas ruas da Tijuca e seguiram para a Prefeitura
Foto:  Estefan Radovicz / Agência O Dia
Os professores grevistas (80% da rede municipal, segundo o Sepe) querem a imediata revocação do plano de cargos e salários aprovado pela Câmara dos Vereadores, reabertura da negociação com a prefeitura, a saída da secretária de Educação Claudia Costin e o abono das faltas.
Professores fizeram manifestação nas ruas da Tijuca
Foto:  Estefan Radovicz / Agência O Dia
"As ações truculentas da Polícia Militar no sábado e na terça-feira vão unir as greves do município e estado em defesa da escola pública. Este movimento não é do Psol ou do PSTU como o prefeito diz. É democrático. Tem gente, inclusive, do partido dele (PMDB). Os professores estão em greve não porque o Sepe mandou, mas pelas condições da nossas escolas" disse Marta Moraes, coordenadora-geral do Sepe.
Enquanto alguns grevistas discursavam num tom que ia da emoção à revolta, dezenas faziam fila para prestar queixa das agressões sofridas a uma junta formada por integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Alerj e da ONG Justiça Global.
A assembleia contou com a solidariedade também de escolas da rede particular, universidades públicas, professores de outros estados e países, como um do estado de Chiapas, no México, que fez um discurso em espanhol e acabou ovacionado.
"Nós, professores de Chiapas, adotamos um lema do grande Emiliano Zapata: mais vale morrer de pé a viver de joelhos", disse o professor, sob aplausos.
Parlamentares e ex-parlamentares de esquerda também marcaram presença na manifestação e foram muito aplaudidos, sobretudo o vereador Brizola Neto (PDT), que tem estado presente nas manifestações deste o início, como Reimont (PT), presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Vereadores.
Os vereadores Eliomar Coelho e Jefferson Moura (Psol) e os deputados estaduais Marcelo Freixo (Psol) e Robson Leite (PT) também estiveram presentes à assembleia, assim como ex-parlamentares Cyro Garcia (PSTU) e Babá (Psol). Uma professora ligada ao PT, no entanto, acabou muito vaiada ao discursar.
Professores foram para a frente da Prefeitura após assembleia
Foto:  Karilayn Areias / Agência O Dia
"Claro que temos companheiros de luta aqui ligados ao PT, mas não podemos esquecer que o vice-prefeito Adilson Pires é do Partido dos Trabalhadores e precisa se posicionar. Se ele estiver mesmo do nosso lado, tem que sair deste governo", disse Susana Gutierrez, diretora do Sepe.
Após quatro horas de assembleia, os professores saíram em passeata rumo à Prefeitura, na Cidade Nova, mas não foram recebidos pelo prefeito ou pela secretária Claudia Costin. Desta vez, não houve a presença de Black Blocs e nem confronto com policiais militares.
TJ ratifica greve como ilegal, diz Secretaria de Educação
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação afirmou que o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, por meio de acórdão publicado nesta sexta-feira, ratificou a decisão favorável à Seeduc quanto à ilegalidade da greve.
"De acordo com o documento, o Estado pode cortar o ponto e descontar os salários dos grevistas a partir do dia 24 de setembro de 2013. No entanto, a Seeduc optou por descontar a partir do dia 26/09, aplicando o código 30. A quem não retornar ao trabalho até a próxima segunda-feira, será aberto processo administrativo disciplinar A adesão à greve tem sido de menos de 1% dos 91 mil servidores. Nesta sexta-feira, houve 565 faltosos no turno da tarde", diz o documento.
"Quanto aos dias parados anteriores a 25/09, a Seeduc informa que, caso as aulas não sejam repostas, executará também o desconto desse período. A Seeduc esclarece, ainda, que a decisão judicial de só atuar após o fim do processo refere-se à multa de R$ 300 mil diárias ao Sepe. Nesse caso, após o julgamento final, a multa poderá ser executada. Já no caso do desconto dos dias parados, a decisão judicial libera a Seeduc para efetuar a medida", finaliza a nota.
"Queremos dizer aos professores que na segunda-feira entraremos com outros recurso contra o corte de ponto e se este for vitorioso, o valor terá de ser depositado imediatamente", Marta Moraes, coordenadora-geral do Sepe.
    Tags: Educação , Greve , Professores

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