Alvo de usuários de crack, lojas acumulam prejuízos
Comerciantes enfrentam arrombamentos e furtos, e funcionários mudam sua rotina para evitar ataques próximo às novas cracolândias criadas em bairros do Rio
POR Francisco Edson Alves
Rio -
Além de levar pânico a moradores das imediações das novas cracolândias
que se espalham pela cidade, os usuários de crack também já causam
prejuízo ao comércio. As aglomerações dos “nóias” — como são chamados — e
furtos cometidos por eles aterrorizam empresários e funcionários,
afastam fregueses e mudam a rotina de fechamento de lojas.
A criação de novas cracolândias aumentou após a migração de viciados em crack do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, depois da ocupação pela polícia, em 14 de outubro.
O movimento frenético de usuários da droga representa prejuízo para estabelecimentos ao longo da Avenida Brasil, na entrada da Ilha do Governador, de Bonsucesso, e nos acessos às favelas Parque União e Nova Holanda, no Complexo da Maré.
Em São Cristóvão, os arrombamentos de imóveis comerciais também passaram a ser constantes nas últimas semanas.
“Os clientes estão fugindo das cenas de horror protagonizadas entre os grupos (de dependentes da droga), que fumam crack em plena luz do dia, brigam entre si, praticam furtos e até defecam nas calçadas”, lamenta Jairo Isidório Reis, 45 anos, gerente de uma loja de variedades, que fica a menos de 50 metros de onde os viciados se reúnem, às margens da Favela Parque União.
Segurança particular
O afastamento de fregueses se traduz na queda do faturamento. “Clientes são assaltados por viciados na nossa porta. Com medo, a maioria não volta mais.
Na semana passada, tivemos que contratar segurança particular. Mesmo assim, estamos sendo obrigados a fechar a loja mais cedo, às 18h, duas horas e meia antes do horário que baixávamos as portas”, lamenta Alessandra Machado, auxiliar administrativa da Dinamicar Pneus, na Av. Brasil.
José Richard, presidente da Associação Comercial
e Industrial da Ilha do Governado, alerta: “A tendência é que a
situação piore. A chegada de viciados cresce todos os dias, de forma
assustadora. Nosso receio é que eles se espalhem pela Ilha toda”, teme.
Restaurante instalou grade e câmeras
Em São Cristóvão, a onda de arrombamentos a estabelecimentos comerciais é creditada aos viciados em crack pelos empresários. No mês passado, houve pelo menos sete casos na região.
A gerente do restaurante Cristóvão, Michele Campos, não tem dúvidas de que usuários da droga é que entraram, várias vezes, no imóvel recentemente, resultando em um prejuízo de R$ 14 mil.
“Tenho certeza que foram as mesmas pessoas que atacaram, porque fizeram tudo igual”, conta Michele. Segundo ela, o restaurante agora tem câmeras, grades, alarmes e portas de ferro.
Depois de dois arrombamentos e cerca de R$ 2 mil de prejuízo, o sócio do Mercadinho Azevedo, Juan Azevedo, concluiu que os usuários de crack foram responsáveis pelos roubos.
“Eles também furtam pequenas quantias em dinheiro. O suficiente, porém, para comprarem pedras de crack”, comenta. O comando do 4º BPM (São Cristóvão) garante que reforçou as rondas ostensivas e o patrulhamento com motos na área.
Funcionários só andam em grupos
Uma empresa de gás veicular na Avenida Brasil, na altura do Parque União, recorreu até à instalação de cercas elétricas. Além das providências tomadas pelos donos de lojas contra ataques de viciados em crack, funcionários do comércio também mudaram seus hábitos para não virarem vítimas de usuários.
“Para ir para o ponto de ônibus depois do expediente, no início da noite, passamos a sair juntos. Andamos em grupos com empregados de outros estabelecimentos vizinhos”, conta Carla Evangelista, funcionária da Santos Turismo, na Avenida Brasil, a menos de 30 metros do ponto onde os viciados se reúnem todos os dias para consumir crack.
Marilinda Botelho, 26 anos, recepcionista de uma lanchonete, foi
assaltada ao chegar ao trabalho na quarta-feira. “Um viciado, todo sujo,
levou minha bolsa, que só tinha documentos”, diz. Especialistas estimam
em 6 mil o número de usuários de crack que perambulam no Rio de Janeiro
atualmente.
A criação de novas cracolândias aumentou após a migração de viciados em crack do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, depois da ocupação pela polícia, em 14 de outubro.
O movimento frenético de usuários da droga representa prejuízo para estabelecimentos ao longo da Avenida Brasil, na entrada da Ilha do Governador, de Bonsucesso, e nos acessos às favelas Parque União e Nova Holanda, no Complexo da Maré.
Viciados lotam calçada e ponto de ônibus na Av. Brasil, onde passageiros desembarcam | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
“Os clientes estão fugindo das cenas de horror protagonizadas entre os grupos (de dependentes da droga), que fumam crack em plena luz do dia, brigam entre si, praticam furtos e até defecam nas calçadas”, lamenta Jairo Isidório Reis, 45 anos, gerente de uma loja de variedades, que fica a menos de 50 metros de onde os viciados se reúnem, às margens da Favela Parque União.
Segurança particular
O afastamento de fregueses se traduz na queda do faturamento. “Clientes são assaltados por viciados na nossa porta. Com medo, a maioria não volta mais.
Na semana passada, tivemos que contratar segurança particular. Mesmo assim, estamos sendo obrigados a fechar a loja mais cedo, às 18h, duas horas e meia antes do horário que baixávamos as portas”, lamenta Alessandra Machado, auxiliar administrativa da Dinamicar Pneus, na Av. Brasil.
Michele no restaurante que administra: reforço contra arrombamento | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Restaurante instalou grade e câmeras
Em São Cristóvão, a onda de arrombamentos a estabelecimentos comerciais é creditada aos viciados em crack pelos empresários. No mês passado, houve pelo menos sete casos na região.
A gerente do restaurante Cristóvão, Michele Campos, não tem dúvidas de que usuários da droga é que entraram, várias vezes, no imóvel recentemente, resultando em um prejuízo de R$ 14 mil.
“Tenho certeza que foram as mesmas pessoas que atacaram, porque fizeram tudo igual”, conta Michele. Segundo ela, o restaurante agora tem câmeras, grades, alarmes e portas de ferro.
Depois de dois arrombamentos e cerca de R$ 2 mil de prejuízo, o sócio do Mercadinho Azevedo, Juan Azevedo, concluiu que os usuários de crack foram responsáveis pelos roubos.
“Eles também furtam pequenas quantias em dinheiro. O suficiente, porém, para comprarem pedras de crack”, comenta. O comando do 4º BPM (São Cristóvão) garante que reforçou as rondas ostensivas e o patrulhamento com motos na área.
Funcionários só andam em grupos
Uma empresa de gás veicular na Avenida Brasil, na altura do Parque União, recorreu até à instalação de cercas elétricas. Além das providências tomadas pelos donos de lojas contra ataques de viciados em crack, funcionários do comércio também mudaram seus hábitos para não virarem vítimas de usuários.
“Para ir para o ponto de ônibus depois do expediente, no início da noite, passamos a sair juntos. Andamos em grupos com empregados de outros estabelecimentos vizinhos”, conta Carla Evangelista, funcionária da Santos Turismo, na Avenida Brasil, a menos de 30 metros do ponto onde os viciados se reúnem todos os dias para consumir crack.
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