Rio -  Eles trocaram uma vida cômoda no Brasil por uma rotina de afazeres domésticos no exterior. Sem empregada ou diarista, por causa dos altos custos, brasileiros que vivem nos Estados Unidos e no Canadá aprenderam a dividir as tarefas do lar até com os filhos. Só famílias muito ricas têm empregadas todos os dias. Cenário que, com as novas regras trabalhistas, pode em breve chegar ao Brasil. Lá fora, famílias conciliam a carreira e os cuidados com a casa com a ajuda de modernos eletrodomésticos, comidas semiprontas e eficientes produtos de limpeza.

A vida sem doméstica tem sido a rotina da museóloga Vera Bulgarelli, 53 anos, na última década. Aprendeu a cozinhar quando foi morar em Miami, nos Estados Unidos. “Não sabia nem fritar um ovo. Estava acostumada com empregada no Brasil. Hoje, em meia hora faço um jantar”, conta Vera, que se habituou às comodidades americanas, como lava-louças,aspirador a bateria e panelas que fazem arroz em menos de 10 minutos. “Ninguém esfrega banheiro. Produtos de limpeza não são caros e removem a sujeira”, diz ela.
Na casa de dois andares e quatro quartos, na Califórnia, os filhos, Evan e Ian, ajudam a agente imobiliária Helena Noonan nos afazeres domésticos | Foto: Arquivo pessoal
Na casa de dois andares e quatro quartos, na Califórnia, os filhos, Evan e Ian, ajudam a agente imobiliária Helena Noonan nos afazeres domésticos | Foto: Arquivo pessoal
Na casa de dois andares e quatro quartos, na Califórnia, o serviço fica por conta da carioca Helena, 44 anos, e do marido Shawn Noonan, 43. Mas os filhos, Evan, 5, e Ian, 7, também são educados para auxiliar nas tarefas. “Fazemos comida todo dia. Os meninos colocam e tiram a mesa e depois levam os pratos para a lava-louça. Ainda arrumam a cama e o quarto de brincar”, conta a agente imobiliária, que teve babá quando as crianças eram mais novas e hoje tem faxineira duas vezes por mês.
No Canadá, saladas já lavadas, panela própria para arroz e comida congelada
A educadora Renata Almeida mora há dez anos no Canadá com o marido, o web designer Rogerio Liparisi, e o filho Bruno, 8 anos. O casal trabalha oito horas por dia. Bruno fica na escola pública. “Há opções de comidas: saladas já lavadas, panela própria para arroz, congelados. Jantamos juntos e faço ginástica todos os dias. A dependência dos brasileiros de empregadas é um mimo. Divisão de tarefas une a família”, diz.
Na cidade em que mora, Mississauga, em Ontario, é comum a contratação quinzenal de diaristas, as “cleaners”, que cobram 25 doláres por hora. Trabalham quatro horas em cada casa.
O modelo de Helena na Califórnia é adotado pela mãe, Alicéa França, no Brasil. Ela traz produtos e apetrechos que facilitam as tarefas e só contrata faxineira a cada 15 dias. Assim, ela e o marido, Sílvio Cardoso, vivem em conforto e têm tempo para se dedicar até à arte.