Rio -  O traficante Diogo de Souza Feitoza, conhecido como DG, de 28 anos, foi morto na manhã deste sábado em ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), nas comunidades Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré. DG tinha sido preso em julho do ano passado, mas foi resgatado por um grupo de comparsas na 25ª DP (Engenho Novo) logo após a prisão.
De acordo com o major do Bope Ivan Blaz, o corpo foi mostrado a policiais do 4º BPM (São Cristóvão), por volta das 10h, dentro de uma van que fazia o trajeto Bonsucesso—Bancários, e encaminhado à Divisão de Homicídios (DH).
Homens da tropa de elite da PM ficaram posicionados na Av. Brasil, num acesso à Maré | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Homens da tropa de elite da PM ficaram posicionados na Av. Brasil, num acesso à Maré | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Segundo o motorista do veículo, bandidos o teriam abordado na Avenida Brasil e ordenado para que ele entrasse no Parque União. No local, de acordo com a testemunha, cerca de 50 traficantes o obrigaram a levar o corpo de DG até o IML. Porém, ao avistar homens do 4º BPM, o motorista e o trocador resolveram parar a van antes do IML.
De acordo com o delegado da Divisão de Homicídios (DH) Allan Duarte, o exame de papiloscopia identificou rapidamente que o corpo com um tiro na cabeça se tratava do traficante.
Após escutar policiais relatando que DG estava armado na hora do confronto e que teria caído em cima de seu fuzil (recolhido por bandidos) durante o confronto, Duarte avalia que o caso deverá ser registrado como auto de resistência.
MÉDICO RECONHECE MORTO COMO SEU SEQUESTRADOR
Estudada durante meses pelo Bope, a operação no Complexo da Maré, segundo o major Ivan Blaz, foi deflagrada a no momento em que bandidos da área, especializados em sequestro e roubo de carro, saíam juntos de uma festa na comunidade carente.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
DG foi resgatado da carceragem de delegacia em 2012 | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Na mesma ação que matou DG, um homem não identificado, que portava pistola 9mm, também foi ferido e morreu a caminho do Hospital Federal de Bonsucesso. Ainda segundo Blaz, um médico da unidade teria o reconhecido como o seu sequestrador há cerca de três anos atrás.
Um outro suspeito também foi ferido com um tiro na cabeça e deixado no hospital pelos policiais. Ontem, ele passaria por uma operação. Na Maré, foram apreendidos maconha, cocaína, duas granadas caseiras e bases de radiotransmissores.
Responsável pelos ‘bondes’
Apesar de ter sido apontado pela polícia como um bandido perigoso, DG comandava ao lado de Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, o tráfico de drogas nas favelas de Manguinhos e Mandela, além do Jacarezinho, de uma maneira quase discreta, até ser preso e, em seguida, resgatado da 25ª DP (Engenho Novo), em julho passado. Ele era conhecido da polícia por comandar os ‘bondes’ (comboios de traficantes) transportandodrogas e armas pela cidade.
DG saiu do anonimato ao ser preso, após sofrer acidente de moto na Avenida Leopoldo Bulhões, em Manguinhos. Ao ser reconhecido por PMs, ele foi levado para a 25ª DP com ferimentos leves. Horas depois, um grupo de criminosos cercou e invadiu o local, resgatando o traficante.
UPP na Maré é uma questão de tempo
A ação que culminou na morte de DG foi mais um passo da polícia para, em breve, instalar uma UPP da Maré. O processo de pacificação em toda a região começou em outubro, quando forças de segurança ocuparam as favelas de Jacarezinho e Manguinhos, na Zona Norte, uma região conhecida como ‘Faixa de Gaza’. Na época, DG era um dos alvos da ação policial, mas ele não foi encontrado. O traficante teria se escondido no interior da Maré.
O processo de ocupação de toda a área, que engloba as principais vias de entrada da cidade — linhas Vermelha e Amarela, além da Avenida Brasil — prosseguiu em março, com a ocupação do Complexo do Caju. Agora só falta a entrada na Maré, uma área mais complexa por englobar 16 comunidades e ser dominada por três facções — sendo duas de traficantes e uma de milícia.