As Caras do Rio: O Árabe do Pepê
Marco Antonio Maciel faz sucesso vendendo salgados na Praia da Barra
Rio - Um sonhador na hora do bronze poderia imaginar que se teletransportou para o deserto do Atacama quando ele chega na areia vestido de árabe, montado num camelo que toca música e ao lado de uma odalisca dançando até o chão. Mas suas deliciosas esfirras não têm nada de miragem. Marco Antonio Maciel, 59 anos — o Árabe do Pepê, Kalifa ou Sadam Hussein — acontece na orla carioca há 30 anos e garante ter sido o pioneiro da comida árabe na praia. “Depois, uns 200 me imitaram. Mas quando chego, saem correndo”, gaba-se o dono da barbicha branca.
A primeira foi aberta em 1981, na praia do Pepino, onde até hoje aterrissam asas-delta que decolam da Pedra Bonita.
AGORA JÁ SE EXPANDIU, É?
Isso! Virou uma franquia, presente até em shoppings centers, vendendo sanduíches naturais, salgados integrais, sucos de frutas e açaí.
QUANTAS PESSOAS MORAM NO CAJU?
São cerca de 20.500 habitantes no bairro da zona Norte onde mora Marco. Faz limite com Benfica, Maré, Vasco da Gama e Santo Cristo.
QUANDO SUA OCUPAÇÃO COMEÇOU?
Em meados de 1800, é um dos bairros mais antigos da cidade. Mas só em 1981 este foi emancipado do bairro de São Cristóvão.
SEMPRE FOI COMO É?
Não! Entre 1820 e 1940 foi um bairro nobre, mas, hoje em dia, possui mais características de um bairro pobre do que do centro de uma grande cidade.
Fora do personagem, Marco não tem nenhuma ligação com o mundo árabe. Nasceu em Campos do Jordão, São Paulo, e é descendente de italiano, mas tem o maior sonho de visitar o Marrocos porque “queria principalmente conhecer um harém”. Nosso herói de hoje foi discotecário por 13 anos, mas sentiu que estava ficando velho e “queria outras emoções”. Aproveitou seu dom para a música na seleção de melodias do camelo. Apesar da culinária estar no sangue (seu pai era dono de restaurante), ele aprendeu a fazer os salgados observando cozinheiros e começou a vender em Copacabana. Depois de 10 anos, se estabeleceu na Praia da Barra, onde aguça o paladar até hoje.
Há cinco anos, quando começou o boom de ‘habib’s’ na areia, ele encomendou a amigos da escola de samba da Mangueira seu camelo, que batizou de Cabul. Chamou uma frequentadora da praia para ser sua odalisca e montou a cena para se diferenciar. Onde chega é atração, sobretudo para as crianças, e o camelo já virou até bem tombado do Rio.
“Tenho 15 roupas de árabe e uma costureira própria. Até alugo minhas vestimentas para festas. No verão, chego a vender mil peças por dia”, comemora Marco, que cobra R$ 6 por salgado, R$ 12 a kafta, R$ 8 o kibe de bandeja e R$ 25 o sanduíche completo. O carro-chefe é a esfirra de carne. Os preços parecem salgados, mas são para pagar os quatro ajudantes da praia, dois da cozinha, um motorista e a odalisca. Para ninguém reclamar, o Árabe do Pepê oferece máquina de cartão de débito e crédito. Aliás, seu comércio está tão chique que a BBC de Londres veio aqui fazer matéria com ele e agora uma emissora de lá vai gravar programa ao vivo.
Além de tocar seu negócio, Marco faz campanha para manter a orla limpa. Mesmo no inverno, está nas praias se fizer sol. Também trabalha em eventos grandes da cidade, como feiras e shows. Faz os salgados na sua casa, no Caju. “O tempero e o ponto certo da massa são o segredo”, arrisca. Kalifa agora pretende fazer camelo mais moderno, com movimento e tudo, e sonha criar um ônibus do árabe, com “cozinha para levar para todo canto”. Normalmente, seu trajeto é do Barra Bit até o Hotel Praia Limpa, na área do Pepê. O Cabul mora num estacionamento lá perto. “Enquanto tiver saúde e disposição, vou continuar. Já estou na terceira geração de gente alimentada na praia”, orgulha-se ele, que agora evita comer seus próprios kibes já que está de dieta.
QUANDO FOI INAUGURADA A BARRACA DO PEPÊ?A primeira foi aberta em 1981, na praia do Pepino, onde até hoje aterrissam asas-delta que decolam da Pedra Bonita.
AGORA JÁ SE EXPANDIU, É?
Isso! Virou uma franquia, presente até em shoppings centers, vendendo sanduíches naturais, salgados integrais, sucos de frutas e açaí.
QUANTAS PESSOAS MORAM NO CAJU?
São cerca de 20.500 habitantes no bairro da zona Norte onde mora Marco. Faz limite com Benfica, Maré, Vasco da Gama e Santo Cristo.
QUANDO SUA OCUPAÇÃO COMEÇOU?
Em meados de 1800, é um dos bairros mais antigos da cidade. Mas só em 1981 este foi emancipado do bairro de São Cristóvão.
SEMPRE FOI COMO É?
Não! Entre 1820 e 1940 foi um bairro nobre, mas, hoje em dia, possui mais características de um bairro pobre do que do centro de uma grande cidade.
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