domingo, 12 de maio de 2013

Pagou caro? Denuncie no #BoicotaRJ


Pagou caro? Denuncie no #BoicotaRJ

Site que reúne queixas de consumidores contra preços abusivos chega ao Rio de Janeiro

DANIEL CARMONA E PABLO VALLEJOS
No ar há um mês para hospedar as reclamações dos consumidores que se sentem prejudicados ao pagar, por exemplo, R$ 12 por um salgado na padaria, o site colaborativo #BoicotaSP já está pronto para expandir suas fronteiras. Com 150 mil visualizações diárias em tão pouco tempo, o projeto que nasceu entre quatro amigos quase que na mesa de bar terá nos próximos dias uma versão para a Cidade Maravilhosa, o #BoicotaRJ, que promete agitar a relação entre clientes e estabelecimentos do Rio em meio aos ventos da inflação.
O bibliotecário Alberto Cirilo e a advogada Pâmela Matta: clientes cada vez mais criteriosos
Foto:  Fernando Souza / Agência O Dia
Ainda antes de desembarcar por aqui, o projeto tem seus potenciais adeptos. “Vou abrir o celular e enviar para o site assim que me sentir prejudicado”, explica o contador Fabrício Menezes, que trabalha na Lapa e costuma frequentar bares e restaurantes da boemia carioca. “Se deixar para o dia seguinte, por vezes de ressaca, a gente desiste. É como ir ao Procon: na hora você tem vontade, mas deixa para depois e acaba desistindo”, acrescenta.
Um dos criadores do projeto, que teve sua primeira versão em uma página do Facebook, o publicitário Danilo Corsi explica a empreitada estratégica. “Vamos expandir o projeto justamente para atender os muitos pedidos que recebemos dos consumidores do Rio”, diz ele, que inclusive já registrou o endereço digital da futura página (www.boicotarj.com.br). O site deve entrar no ar nos próximos dez dias.
Apesar de utilizar o mesmo sistema da versão paulistana, uma espécie de blog abastecido pelos próprios usuários com imagens e relatos de preços subjetivamente considerados “acima do comum”, o criador admite que a experiência no Rio de Janeiro ainda é inimaginável. “Vamos abrir uma Caixa de Pandora. Não dá para dizer nem projetar absolutamente nada. Só depois é que vamos saber o que vai sair disso aí”, acrescenta ele, sem arriscar comparações.
Com um olho no preço e outro no produto, o bibliotecário Alberto Cirilo, que trabalha no Centro, deve ser mais um dos colaboradores da iniciativa. “Eu sempre entro num lugar já sabendo do preço. Mesmo assim, ainda sou surpreendido com coisas caras e acima do valor”, pondera. Afinal, se o barato pode sair caro, como diz o ditado, eles querem uma resposta justamente para o contrário: será que o caro não poderia ser, honestamente, mais barato?
A ideia de apresentar na internet uma bandeira contra os preços considerados abusivos surgiu após as idas e vindas do grupo de publicitários e amigos compostos por Danilo Corsi, Camila Kintzel, Ricardo Giassetti e Marcos Takabayashi. Entre um bar e outro, uma conta e outra, eles eles decidiram sair da zona de conforto. “A gente já dizia há um tempo que o bar que a gente gastava R$ 40 no ano passado, hoje cobra R$ 80 pelas mesmas coisas. Aí teve um caso simbólico: uma amiga nossa pagou R$ 22 por uma cerveja artesanal e o dono ainda queria mais R$ 10 para deixar ela levar a garrafa para sua coleção. Marcamos aquele estabelecimento no Foursquare e fizemos nossa crítica, mas fomos em busca de algo a mais”, justifica Danilo.
Preço justo não é o mesmo que preço baixo
Preço justo é diferente de preço baixo. Quem faz essa ponderação é Antônio Rodrigues, sócio da rede de bares e restaurantes Belmonte, uma das mais conhecidas do Rio de Janeiro. Hoje, além de trabalhar com ingredientes nobres como camarão e bacalhau em seus principais pratos, ele ressalta que os custos operacionais estão muito elevados.
“Toda vez que vou fazer uma compra os preços oscilam muito. Tem dia que o saco de batata sai por R$ 30, depois custa R$ 80. Essa variação dificulta muito o nosso trabalho e eu não posso repassar isso para o cardápio”, diz ele, que ainda ressalta: “Uma única loja tem 25 funcionários, todos com carteira assinada. Põe custo nisso aí”.
Rodrigues não teme iniciativas como o #BoicotaRJ, mas sim por alguns poucos clientes que costumam agir de má fé. “De alguma maneira, você sempre tem que dar razão ao cliente, mesmo quando ele não tem”. Ainda assim, ele faz um contraponto: “Há muitas coisas fora do padrão e gente que quer ganhar mais do que o justo. Isso precisa ser combatido”.

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