domingo, 9 de junho de 2013

Menstruar vira questão de escolha para mulheres

Menstruar vira questão de escolha para mulheres

Já há várias técnicas que suspendem fluxo, cólicas e o mau humor da TPM. Nem todas as mulheres podem fazer o tratamento

BEATRIZ SALOMÃO
Rio - Processo natural que faz parte do universo feminino, menstruar virou questão de escolha para as mulheres. Para suspender fluxo, cólicas e o mau humor da TPM, elas contam com uma lista extensa de opções, que vai desde os tradicionais anticoncepcionais até cápsulas de hormônio injetadas sob a pele. Especialistas alertam, porém, que a supressão menstrual não é prática indicada a todas as mulheres.
Pioneiro na execução da técnica no Brasil, Elsimar Coutinho, ginecologista e diretor do Centro de Pesquisa e Assistência de Reprodução Humana, em Salvador, explica que, há décadas, as mulheres tinham mais filhos e menstruavam menos, já que, além dos nove meses de gestação, o fluxo é suspenso por cerca de seis meses após o parto. Para Elsimar, a maior frequência na menstruação é uma das responsáveis pelo aumento de casos de algumas doenças. Entre elas, a endometriose, que ocorre quando células do endométrio migram para outros órgãos, e a inflamação pélvica, que afeta órgãos reprodutores.
Foto:  Arte O Dia
Segundo ele, mulheres com supressão menstrual têm menos risco de desenvolver doenças relacionadas à menstruação. O médico ressalta que interromper o fluxo ameniza os sintomas de anemia e acaba com os problemas da TPM.
“A mulher não foi feita para menstruar, mas para ter filhos. A menstruação com tanta frequência não faz parte da natureza feminina”, diz. “Suprimir o fluxo não traz risco à saúde e à fertilidade”, garante.
Mãe de dois meninos, de 2 e 3 anos, a empresária Alessandra Durão, 34, interrompeu a menstruação após o nascimento do segundo filho, em 2011. Segundo ela, foi sugestão do médico, que indicou o uso contínuo da pílula anticoncepcional. “No início, fiquei preocupada com os efeitos, mas o médico me garantiu que é segura. Hoje, acho ótimo não ter cólica, TPM e inchaço”, conta.
Para Hugo Miyahira, vice-presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio, não só de benefícios vive uma mulher que suprime a menstruação. O ginecologista explica que o uso contínuo da pílula e o uso de hormônios artificiais favorecem o surgimento de trombose, inflamações nas veias e até pequenos ‘tumores’ de estrogênio na mama. Além disso, o especialista alerta que os medicamentos interferem na coagulação sanguínea, alteram o metabolismo da glicose no organismo e elevam a pressão arterial.
“Com o uso da pílula contínua, a mulher não tem as flutuações hormonais características do ciclo menstrual. A longo prazo, não sabemos o que a suspensão dessa flutuação pode causar”, explica.
Controle da menstruação em atletas
Para garantir melhor rendimento, atletas de alto nível controlam o ciclo menstrual de acordo com o calendário de competições. Algumas chegam a suprimir o ciclo por três meses, como foi o caso da ginasta Danielle Hypólito.
A ginecologista da Confederação Brasileira de Judô e Natação, Tathiana Parmigiano, observou que, nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, 80% das atletas tinham um momento específico do ciclo menstrual em que competiam com melhor rendimento. Segundo a médica, a maioria das mulheres prefere que as competições sejam no período logo após a menstruação, mas nem todas optam por suprimir o fluxo. “Há anos, não se falava disso, mas começamos a investigar e concluímos que o fluxo menstrual atrapalha muito o rendimento das atletas”, declara, acrescentando que a escolha do método é feita pela mulher.
Por não se adaptar à pílula, Danielle usa adesivo para suprimir a menstruação e conta que, dependendo da competição, usa o método três meses seguidos. Na quadra, a supressão do fluxo a deixa mais tranquila. “Já competi usando absorvente interno e externo. Sem a menstruação fico menos inchada e não corro risco de passar constrangimento com a roupa de ginástica”.


    Nenhum comentário: