quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Uma raquetada nas dificuldades

Uma raquetada nas dificuldades

Nascida no sertão de Pernambuco, Teliana Pereira supera os obstáculos da vida para brilhar no tênis

JULIA FARIAS
Rio - Superação, esforço e redenção. Essas três palavras sintetizam a trajetória de Teliana Pereira dentro do tênis. Se já não bastasse o caminho que um atleta percorre até o seu reconhecimento, a história da tenista tem ares de drama: filha de um ex-boia-fria, ela trocou a triste realidade do sertão de Pernambuco pelo sucesso nas quadras. Hoje, aos 25 anos, Teliana é a melhor tenista do Brasil. Na 95ª posição do ranking mundial, ela quebrou um jejum de 23 anos sem uma representante do país no seleto grupo das 100 melhores da modalidade.
Teliana Pereira está entre as 100 melhores do mundo
Foto:  Divulgação
Da força manual no uso de uma enxada direto para a precisão de cada rebatida com a raquete. A luta da pernambucana começou longe das quadras. Filha de Maria e José, Teliana nasceu em Águas Belas, no sertão de Pernambuco. Fugindo da seca e das dificuldades para sustentar a família com o corte de cana-de-açúcar, o pai da jovem decidiu juntar os sete filhos e seguir viagem rumo a Curitiba. Quis o destino que o primeiro emprego de José na capital paranaense fosse em uma academia de tênis.
“Comecei a acompanhar meu pai depois da escola quando eu tinha oito anos, então passava a tarde inteira brincando, pegando bolinhas, e aos poucos comecei a jogar”, lembra a jovem.
Teliana estreou como profissional em 2005 e em 2007, no Pan-Americano do Rio de Janeiro, ao lado da compatriota Joana Cortez, ganhou o bronze no torneio de duplas.
A promissora carreira parecia ter chegado ao fim em 2009, quando Teliana sofreu uma grave lesão no joelho e foi submetida a duas cirurgias. A tenista só voltou ao circuito no fim de 2010.
Ao longo da carreira, Teliana conquistou 21 títulos. Nesse ano, chegou até a decisão do qualifying de Roland Garros. Perdeu, mas acabou ganhando uma vaga graças a um sorteio. Porém, pela primeira vez em 11 anos no torneio francês, não houve uma única desistência entre as 124 participantes e ela ficou fora. No US Open, aconteceu o mesmo.
Apesar disso, dentro e fora das quadras, Teliana ainda tem muitos planos. “Quero ir bem nos torneios de Grand Slam, chegar entre as vinte melhores do mundo, porque só assim vou poder dar uma vida melhor aos meus irmãos e comprar uma casa para minha mãe. Depois, quero casar e ter filhos”, afirmou.
E se tivesse que se definir em uma só palavra, Teliana não tem dúvidas: “Vitoriosa”.
MOTIVADA POR GUGA, TENISTA SE ESPELHA EM RAFAEL NADAL
O desempenho de Teliana chamou a atenção do maior tenista brasileiro de todos os tempos. No início do ano, Gustavo Kuerten apostou no talento da jovem: “A Teliana vem superando todas as adversidades e crescendo. Ela pode chegar no top 50 com tranquilidade”.
“Receber elogios dele me motivou, por tudo que ele conquistou e pela pessoa que ele é dentro e fora do trabalho, além de ser muito carismático”, disse Teliana, que venceu os últimos três torneios que disputou: Saint-Malo, Mont-de-Marsan (ambos na França) e Sevilha (Espanha).
A tenista revelou ainda que o espanhol Rafael Nadal é sua grande fonte de estímulo: “Me inspiro muito em Nadal, pela garra e determinação.”

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