Rio -  Começou quente e acabou morno o último debate antes das eleições, realizado nesta quinta à noite pela TV Globo, entre os candidatos à Prefeitura do Rio que estão nos cinco primeiros lugares da pesquisa Datafolha divulgadanesta quinta. O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) , que ficou com 20% das intenções de votos na pesquisa e tem esperança de disputar o segundo turno, e o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) - 2% - foram os mais contundentes nas críticas ao prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, que chegou a se irritar. Rodrigo Maia adotou postura bem diferente da que teve no primeiro debate, quando chegou a ser criticado por integrantes do PR, partido aliado, que tinha sido pouco incisivo contra Eduardo Paes, lugar ocupado por Freixo na ocasião.
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
O clima mais quente foi no primeiro bloco. Com tema livre, Marcelo Freixo escolheu Paes para sua pergunta e foi logo falando sobre a suspeita levantada pela Revista Veja sobre uma suposta oferta de dinheiro pelo PMDB ao PTN em troca de apoio ao prefeito. O assunto já havia sido abordado por Freixo no debate da TV Record, na segunda-feira. Segundo a denúncia, o presidente do PTN, Jorge Esch, teria sido flagrado endossando o apoio em troca de dinheiro.
No ataque, Freixo acabou lembrando o julgamento do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Eduardo, o Brasil inteiro está aplaudindo o STF pelo julgamento do Mensalão, a sociedade inteira acompanhando, os meios de comunicação. Aqui no Rio, surgiu uma denúncia grave envolvendo um tipo de Mensalão carioca de um partido da sua aliança, pelo seu chefe da Casa Civil, que teria comprado um partido. Quero que você explique para a sociedade o que foi que aconteceu", disse o psolista.
Visivelmente irritado, Paes chamou a suspeita levantada de "denuncismo": "Esses são os denuncismos de última semana de campanha. Pegaram a gravação de um dirigente partidário, um boquirroto, junto com colegas de seu partido", afirmou. classificando a pergunta de Freixo como "agressão". O psolista respondeu: "Olha, não se trata de agressão. Isso é uma satisfação que você é obrigado a dar. Sei que você não gosta pela sua natureza muito autoritária", disse Freixo. E acrescentou que Jorge Esch, presidente do PTN, é do mesmo partido do vereador Leonardo Rodrigues, o Léo Comunidade, também envolvido em denúncias de irregularidades eleitorais na Rocinha e apoiador de Paes.

O prefeito lembrou que o Psol também fez alianças para prefeito com o PTN em nível nacional e citou as cidades de Guaíra (PR), Água Branca (SP) e Tabatinga (AM). E lembrou o episódio do candidato a vereador Berg Nordestino, que está em processo de expulsão do partido após ter sido descoberto como integrante da CPI das Milícias, que Freixo presidiu. "Você colocou no seu partido um miliciano, denunciado no seu relatório na CPI", atacou Paes.
Sem atacar o prefeito com a ênfase de Rodrigo, o tucano Otavio Leite tocou no tema da derrubada da Perimetral, uma de suas bandeiras, dizendo ser contra essa parte do projeto de revitalização urbana do governo Eduardo Paes. Mas ao perguntar sobre o assunto a Aspásia Camargo (PV), ouviu uma resposta que não esperava. "A Perimetral se insere num contexto em que o prefeito tem muito pouco tempo para fazer alguma coisa. É um fato decidido. Os conselhos de Arquitetura e de Engenharia não se pronunciaram sobre o assunto. E a Perimetral é muito feia", deixando Otavio visivelmente desconcertado..
Eduardo Paes lidera nas pesquisas de intenção de voto | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Eduardo Paes lidera nas pesquisas de intenção de voto | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Questionado por Aspásia Camargo (PV) sobre o estilo de governar ideal, Rodrigo afirmou que é preciso ser bom gestor e não governar como "síndico". "Prefeito tem é que ter boa gestão. Isso não tem nada a ver com síndico, que é uma coisa menor para uma cidade como o Rio de Janeiro. Um exemplo é o projeto "Remédio em Casa", que o Cesar Maia criou e que o Eduardo Paes acabou", provocou. Mas o momento de maior confronto com Paes ocorreu quando o democrata questionou o valor gasto pela prefeitura com a mudança de tratamento do lixo na cidade. Paes fechou o lixão de Gramacho, e hoje os resíduos são mandados para o aterro sanitário de Seropédica.
Paes respondeu que o lixão de Gramacho era um crime ambiental que a cidade do Rio cometia havia mais de 30 anos. "A prefeitura foi fazendo remendo aqui, acolá. Encontramos, então, uma alternativa num lugar adequado, mas distante. O custo é mais caro, mas é um centro de tratamento de resíduos de altíssima qualidade. O Rio parou de cometer crime ambiental, que era o lixão de Gramacho, com cenas deploráveis que víamos. Ajudamos catadores a encontrar alternativa, mesmo que o lixão não seja no Rio (fica em Duque de Caxias)", disse o prefeito.
Rodrigo Maia retrucou dizendo que Paes também era responsável pelo crime ambiental, já que foi secretário de Meio Ambiente do ex-prefeito Cesar Maia, pai de Rodrigo: "Olha como você é ingrato.Você foi secretário de Meio Ambiente do Cesar Maia. A Comlurb tem que virar uma empresa do futuro. De quatro eleições, três você foi com César Maia. Olha a ingratidão", disse Maia. De novo, Paes não escondeu a irritação, mas preferiu não alimentar troca de farpas, afirmando que, se o fizesse, o debate se tornaria "psicoterapia de grupo". Por mais de uma vez, Eduardo chamou as provocações de "grosseria" e "baixaria".