Marcus Tavares: Cinema infantil, o que passou na tela
Numa breve análise do levantamento, destaco três questões: a) os dados indicam que o diálogo entre a televisão e o cinema foi bastante forte. Os filmes dos Trapalhões, Xuxa e ‘Castelo Rá-Ti-Bum’, todos protagonizados por artistas de TV, representam 90% da produção cinematográfica infantil; b) as narrativas pouco se basearam na literatura infantil brasileira, reconhecida internacionalmente por sua qualidade. Somente dois filmes foram se inspirar em escritores nacionais: ‘Os Trapalhões no Auto da Compadecida’, de 1988, adaptação livre da obra ‘Auto da Compadecida’, de Ariano Suassuna; e ‘Xuxa em o Mistério de Feiurinha’, de 2009, adaptação do livro ‘O Fantástico Mistério de Feiurinha’, de Pedro Bandeira; e c) boa parte das 39 produções dos Trapalhões tentou fazer uma aproximação com histórias da literatura universal. É o caso de ‘Ali Babá e os 40 Ladrões’, de 1972; ‘Robin Hood e o Trapalhão da Floresta’, de 1974; ‘Aladim e a Lâmpada Maravilhosa’, de 1974; e ‘Os Trapalhões e o Mágico de Oroz’, de 1984.
A constatação, enfim, não é a das melhores: o levantamento da Ancine revela que o cinema infantil, diante da potencialidade de sua linguagem, ofereceu e continua oferecendo muito pouco de diversidade e cultura nacional para nossas crianças. E o mais grave: parece que nada de novo vem por aí.
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia
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