Zezé Motta mostra o lado cantora em show
POR VICTOR CORRÊA
Rio - Os moradores de um prédio no Leme, Zona Sul do Rio, costumam dizer que terão de confeccionar uma segunda placa em homenagem à atual moradora do apartamento 701 no futuro. A peça de bronze, fixada na entrada do edifício, avisa que ali viveu a escritora Clarice Lispector, de 1966 até 1977, quando morreu.
Há um ano, Zezé Motta se apaixonou pelo amplo apartamento de três quartos e se instalou no espaço com suas lembranças de 68 anos de vida e 46 de carreira, que levará para o público do Club Municipal, na Tijuca, hoje, às 21h. O show de MPB ‘Negra Melodia’ é baseado no álbum homônimo, lançado em 2011, depois de uma década sem novos trabalhos como cantora.
Zezé vive no apartamento onde morou a escritora Clarice Lispector | Foto: Rodrigo dos Anjos / Ag. News
Zezé, no entanto, esclarece que não deixou de cantar durante esse período. Nem poderia. “Continuei fazendo shows pelo país. Se eu tivesse que sobreviver só como atriz, não moraria aqui. Atriz ganha pouco. Vou lhe dizer uma coisa: aos 46 anos de carreira, ganho muito menos do que eu mereço”, observa a artista, descoberta pelo grande público em 1976 na pele de Xica da Silva. “Quando me chamavam de Xica na rua, eu pensava: ‘Meu Deus! Quando vão me reconhecer como a Zezé Motta? Depois, comecei a pensar: ‘Quer saber? Essa mulher mudou minha vida, foi minha fada madrinha. Por que estou reclamando?’”, recorda.
Então apontada como símbolo sexual, Zezé se sentiu de alma lavada. “Na época, saiu numa revista que a atriz que havia passado no teste era “feia, porém exuberante”. Eu me olhava na foto e me sentia tão linda, sabe? Mas, infelizmente, é assim que a banda toca. A sociedade é muito f.d.p.”.
A sensualidade da personagem também lhe trouxe problemas. “Ela entrou no imaginário masculino como uma Mulher Maravilha. Eu me sentia com a responsabilidade de ser a melhor do mundo na cama. Olha que situação!”, diverte-se.
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