Rio -  Rixa entre traficantes, que resultou na morte de suspeito identificado como Filhão, troca de tiros e manifestação de moradores pedindo que a polícia deixe a região. Pacificado desde 2010, o Complexo do Alemão viveu, entre a noite de quinta-feira e a tarde desta sexta-feira, momentos que lembraram os tempos em que o conjunto de favelas era o Quartel-General do Comando Vermelho (CV), onde nem a polícia entrava.
O Alemão tem quatro Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O tiroteio de quinta-feira ocorreu na Pedra do Sapo. Começou por volta das 20h e durou cerca de duas horas. Durante a perícia, agentes da Divisão de Homicídios (DH) ficaram encurralados, e policiais da UPP deram apoio para que os civis deixassem o morro.
À frente das UPPs na região da Leopoldina, o coronel Marcos Balbino ouve moradores no Alemão: ‘A morte seria um acerto de contas entre traficantes’ | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
À frente das UPPs na região da Leopoldina, o coronel Marcos Balbino ouve moradores no Alemão: ‘A morte seria um acerto de contas entre traficantes’ | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
O clima é de tensão nas favelas. Moradores evitam a imprensa. Sem se identificar, alguns disseram que ‘bondes de traficantes’ (comboio de carros com bandidos armados) voltaram a circular pela região. Escolas funcionaram normalmente ontem.
“Há brigas entre grupos da favela. Três criminosos teriam sido os responsáveis pelo homicídio. Seria um acerto de contas, e o motivo é investigado. A manifestação contra a polícia não tinha mais que 30 pessoas e não representa o discurso de uma comunidade que quer paz”, disse o coordenador das UPPs da região da Leopoldina, coronel Marcos Balbino.
Comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), coronel Paulo Henrique de Moraes, admitiu que a Pedra do Sapo é uma das áreas mais complicadas do Alemão. Ele disse que o policiamento no local foi reforçado em abril com PMs do Regime Adicional de Serviços (RAS).
“Recebemos mais policiais e redistribuímos o policiamento, principalmente nos locais onde há rotas de fuga. Mas os criminosos sempre procuram uma brecha para atuarem”, justificou o oficial, destacando que houve reforço de policiamento nas últimas horas.