Rio -  Um recorde que mudou as vidas de pelo menos 11 pessoas foi registrado no feriado de 1º de maio. Em apenas um dia, o Centro Estadual de Transplantes (CET) do Rio captou quase 10% do total de órgãos coletados durante o ano de 2012. Entre as madrugadas de terça e quinta, foram recolhidos 12 órgãos e 7 tecidos, de cinco doadores diferentes que tiveram morte encefálica.
Equipe do Centro Estadual de Transplantes considerou ‘histórico’ o número de doações no último feriado | Foto: Divulgação
Equipe do Centro Estadual de Transplantes considerou ‘histórico’ o número de doações no último feriado | Foto: Divulgação
Outro dado chama atenção: todas as captações foram feitas por via terrestre. O trânsito caótico do Rio de Janeiro não foi empecilho, pois era feriado. “Foi um dia histórico, fruto de medidas como aumento de notificações de morte encefálica e curso de capacitação de profissionais. Além disso, a ausência do trânsito facilitou o deslocamento”, avalia o coordenador do Programa Estadual de Transplantes, Rodrigo Sarlo.
Rodrigo explica que o principal trabalho é contra o tempo. Após a morte encefálica, a equipe tem entre 48h e 72h para coletar o material que será doado, pois o coração precisa estar batendo. Outra dificuldade é convencer as famílias dos doadores. “Em 35% dos casos não conseguimos captar porque a família não autoriza”, calcula.
Segundo ele, as captações (10 rins, 1 coração, 1 fígado, 6 córneas e uma captação de ossos) ocorreram nos municípios do Rio de Janeiro e Valença. Os órgãos foram para pacientes do Centro Estadual de Transplantes, Hospital Federal de Bonsucesso e Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Fundão).
Há sete anos na fila de espera e após perder os dois rins, Marco Antonio Barreira Gonçalves, 48, recebeu um órgão na última quinta-feira. Há dois anos, ele foi chamado para a cirurgia, mas o procedimento acabou não sendo realizado porque Marco estava se recuperando da retirada do segundo rim. “Foi um milagre. No dia de São José nós fomos à missa e, quando chegamos em casa, havia duas ligações do hospital”, conta a esposa dele, Marinelva Almeida.