Rio -  A Defensoria Pública do Rio vai requerer à Justiça que obrigue o governo do estado a indenizar moradores do Complexo da Maré, na Zona Norte, cujas casas foram invadidas, reviradas e destruídas, quinta-feira, durante ação da PM. O órgão também promete ação judicial para responsabilizar criminalmente os policiais.
“Nenhum policial tem o direito de invadir à revelia a casa das pessoas, sem mandado judicial. A lei é uma só. Se ninguém invade casa na Vieira Souto, em Ipanema, não deve fazer o mesmo na Maré”, disse o defensor público Henrique Guelber.
Nesta sexta-feira, duas vítimas das arbitrariedades, cometidas supostamentes por homens dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque, prestaram depoimento à Defensoria e à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, presidida pelo deputado Marcelo freixo (Psol).
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Bira e Bruno denunciaram truculência de PMs ao deputado Marcelo Freixo | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
O fotógrafo Bira Carvalho e o professor de Geografia Bruno Leite denunciaram a ação truculenta. Perícia feita nesta sexta na casa dos moradores comprovaram que houve violação do domicílio.
“Há indícios de que as casas foram invadidas e reviradas”, disse o delegado da 21ª DP (Bonsucesso), José Pedro Costa, responsável pelas investigações. O delegado vai pedir à Corregedoria da Polícia Militar o nome de todos os policiais envolvidos na operação. A PM abriu inquérito para investigar o caso.
Os moradores temem represálias. “Não me sinto seguro na Maré. Os policiais anotaram todos os meus dados e sabem onde moro”, disse o professor Bruno, que faz Mestrado na UFRJ e dá aulas em escolas da Prefeitura do Rio.
Ele contou que um dos policiais guardou na farda euros de uma viagem que fez à França. “Quando perguntei pelo dinheiro, ele me devolveu e disse: ‘Não preciso disso’”, contou.