Agostinho Guerreiro: A crise da mobilidade urbana
Rio - O tema da mobilidade urbana nunca teve tanta visibilidade como agora. O despejo incessante de veículos nas ruas e a deterioração do transporte de massa nas últimas décadas formaram uma combinação explosiva para as grandes metrópoles. A ‘hora do rush’ no Rio virou coisa do passado. Com frota de 2,4 milhões de carros, a cidade passou a enfrentar congestionamentos em inúmeros bairros e o aumento da emissão de gases poluentes.
Frequentes isenções fiscais para a indústria automobilística deram impulso à venda de carros. Se a medida, como afirma o governo, resguardou empregos numa época de turbulência econômica global, é preciso indagar se tem valido a pena pagar o alto preço dessa política.
Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, o Brasil terá que correr contra o tempo para, pelo menos, atenuar o problema de transporte nas grandes cidades. No Rio, uma das apostas é o corredor expresso para ônibus articulados. Isoladamente, é um modelo que não traz solução para uma metrópole como a nossa. Com o intuito de aprimorar a operação dos BRTs, o Crea-RJ fez inspeção técnica na TransOeste e entregou ao prefeito Eduardo Paes várias sugestões de melhoria no sistema.
No entanto, as vias públicas continuarão apinhadas de carros e ônibus nas próximas décadas se não houver investimentos duradouros em transporte de alta capacidade, como trens e metrô. Para ajudar a mudar o quadro, temos importante instrumento jurídico, a Lei da Mobilidade Urbana, em vigor há um ano, que prioriza o transporte de massa e a construção de ciclovias e prevê restrições para a circulação de veículos em dados horários.
Será necessário o engajamento de amplos setores para que essa nova concepção de mobilidade urbana se traduza, de fato, em políticas públicas eficientes, integradas e sustentáveis.
Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio
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