Rio -  Numa fábrica de papelão, quando falta um funcionário na esteira de seleção de material para ser reciclado, os demais ainda conseguem fazer o trabalho.
Numa escola é diferente. Se um professor tiver quatro aulas num turno, divididas por algumas séries, no caso de alguma falta, durante este tempo a coordenação do setor deverá prover alguma outra atividade porque terá quatro turmas sem professor e sem estudo. O transtorno é patente e muito maior do que o ocorrido numa esteira de fábrica de papelão.
Convivemos hoje com situações de ausência de professores — sobretudo na rede pública — além do suportável. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo considera falta média diária na ordem de 5%. Todos os percentuais de absentismo de 2% provocam grandes transtornos na vida escolar.
Fatores variados corroboram esse aumento: indisciplina dos alunos, que desgasta humanamente o profissional docente; a falta de explicitação das regras de convivência dentro das escolas e a má sintonia entre os responsáveis e a própria instituição. Há um aumento do estresse, e os professores estão, literalmente, doentes.
Se a causa não for atacada, a consequência será cada vez pior. Tentar reprimir as faltas incriminando os docentes, sem atuar firmemente em relação ao comportamento dos alunos, nada vai solucionar nada.
Numa escola particular, muitos coordenadores usam a estratégia do banco de faltas. Quando alguém avisa que vai ter que faltar, justifica-se verbalmente e a substituição é providenciada. Assim, o faltoso de hoje poderá dias depois substituir quem foi convocado para seu lugar, estabelecendo equilíbrio em relação às faltas reais.
Não há norma para estabelecer percentuais aceitáveis. Toda falta cria problemas. Podemos, sim, com criatividade, contorná-las tornando a vida escolar mais equilibrada e séria, como uma boa pedagogia exige.
Pedagogo e escritor