Rio -  Manhã de terça-feira de fé, devoção, orações, pedidos e agradecimentos em homenagem a São Jorge, na Igreja Matriz do santo guerreiro, em Quintino, na Zona Norte do Rio. Às 5h, uma queima de fogos de cinco minutos marcou o dia de comemorações. O compositor Dudu Nobre e o ator Nando Cunha, que interpreta o personagem Pescoço, na novela Salve Jorge da TV Globo, assistiram a primeira missa.
Com o folhetim das 21h no ar, a expectativa dos organizadores é de que cerca de 200 mil pessoas passem pelo templo neste feriado. A Igreja de São Jorge, no Centro, também está lotada. Por volta das 8h, uma fila dava volta no quarteirão da Avenida Presidente Vargas, uma das principais da cidade.
Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Fiéis lotam igreja em Quintino | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Em Quintino, às 4h30, o interior, a rampa, a escada de acesso e a frente da igreja já estavam completamente tomados por fiéis. Um telão foi colocado na parte superior da entrada do templo para que os devotos acompanhassem a missa de alvorada. Na homilia, o padre Marcelino Modelski, pároco da Igreja Matriz, disse que todos são guerreiros e tem que matar um dragão por dia. Dentre as dificuldades, ele fez referência aos problemas com transporte enfrentados pela população e o trânsito caótico da cidade.
O diácono José Francisco afirmou que a popularidade de São Jorge tradicionalmente leva muito fiéis a igreja do santo em Quintino. Porém, com o advento da novela Salve Jorge, ele acha natural um crescimento este ano na paróquia da Zona Norte.
"O personagem principal da novela (o militar do Exército Théo, interpretado pelo ator Rodrigo Lombardi) em seus momentos de dificuldade e de agradecimento vem sempre a esta paróquia. Muitas cenas foram gravadas aqui. Então é possível que muitos fiéis procurem a nossa paróquia este ano para homenagens a São Jorge", analisou o diácono.
Bençãos para primeiro filho
À espera do primeiro filho, a técnica em radiologia Amanda Vitor Neri, de 31 anos, grávida de sete meses, manteve a tradição. Moradora do bairro de Bento Ribeiro e frequentadora da paróquia de Quintino desde criança, ela participou da missa de alvorada e acendeu velas, independente do apelo da novela das 21h.
"Estou trazendo meu filho na barriga para depois trazê-lo aqui, no colo", disse a radiologista, já projetando levar o filho Júlio César à paroquia em 2014.
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Devotos de São Jorge lotam entrada de Igreja em Quintino | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Os amigos e motoboys Rafael Pinheiro, de 27 anos, e Rogério Ramos, 31, moradores de Sulacap, levaram os capacetes para pedir benções. Pela primeira vez na paróquia de Quintino, Rafael exibia orgulhoso a tatuagem com a inscrição 'Guerreiro de Jorge' gravada no peito, feita há cinco dias. Devoto do santo há quatro anos, ele foi pedir principalmente proteção no trabalho diário.
Já o aposentado Jorge Lucas, de 53 anos, cumpriu a promessa de aumentar a cada ano o número de fardos de velas, em agradecimento a sua recuperação de uma cirurgia de coluna, realizada em 2011. Apoiado em uma bengala, ele levou três fardos: 150 caixas pequenas, com cada uma contendo seis unidades e totalizando 450 velas. "Esse esforço para mim não é nada. Com certeza Ogum vai me dar muito mais força para acender mais. Não faço isso para mostrar nada para ninguém. Promessa é para ser paga", acredita Jorge.
Triciclo da fé
Vítima de um acidente automobilístico em 2010, o analista comercial licenciado André Luiz Rodrigues, de 42 anos, foi do Méier, onde mora, até Quintino, dirigindo um triciclo elétrico adaptado. Há 14 anos no Rio de Janeiro, ele se encantou desde o início pela festa de São Jorge comemorada na paróquia e nunca deixou de marcar presença.
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Às 4h30, o interior, a rampa, a escada de aceso e a frente da igreja já estavam completamente tomados por fiéis | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Uma melhora física não há. Mas há uma melhora da fé, do coração, para levantar todos os dias de manhã e seguir em frente", disse André, que fico paraplégico após o acidente, mas faz faculdade de Engenharia, se locomovendo com o triciclo.
Em mais um ano de devoção a São Jorge, o empresário Carlos Botelho, de 50 anos, começou cedo as comemorações pelo Dia de São Jorge. De pé desde às 3h30, ele já havia promovido uma queima de sete mil fogos, na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, onde mora, e ainda participaria de uma feijoada com os amigos. Após assistir a segunda missa do dia, ele comprou mais uma imagem do santo guerreiro para levar para sua outra empresa. Ele já tem uma de cerca de meio metro.
"Digo sempre aos meus dois filhos: quem tem fé, vai longe", ensina o empresário. Ele percebeu um nítido aumento na frequência da igreja em Quintino e atribuiu a novela Salve Jorge.