Rio -  O 21 de abril homenageia Tiradentes, Mártir da Inconfidência, recuperado pela República cem anos após ter sido sacrificado na capital da Colônia e cuja referência maior, no Rio, é a concorrida praça inscrita com seu nome, situada em sua Área Central. Nesta simbólica data, nos idos de 1960, ocorreu a inauguração de Brasília, com o encorajamento do Presidente JK e as assinaturas arquitetônicas dos gênios Lucio Costa e Oscar Niemeyer.
Com efeito, ao final dos anos 50, as vitórias no tênis, no futebol e no basquete, o surgimento da batida sofisticada da bossa nova e a construção de Brasília contribuíram para o reconhecimento internacional e projetaram o país, mostrando sua face moderna.
Em Brasília, o Palácio Alvorada e o Hotel Nacional, com estrutura metálica e concreto, sobressaíram inicialmente. Logo a seguir, são edificados o Congresso e a Catedral, cuja concepção evoca dedos dirigidos aos céus. Nos dias de hoje, em Brasília, consolidada com o Poder Central e uma das maiores aglomerações humanas no cenário brasileiro, gravitam municípios periféricos.
Tiradentes continua sendo reverenciado com feriado nacional e, na urbe carioca, sendo nome de praça, colégio e assim por diante, enquanto o Rio, Patrimônio da Humanidade, além de elencar a imagem do Redentor, no nicho das Sete Novas Maravilhas, tem sido consagrado com vários títulos em pesquisas internacionais, afora a honraria de sediar a Olimpíada em 2016.
A escolha do 21 de abril representa um ato de independência e interiorização, contrapondo uma ideologia passada, com o litoral abrigando a sede da colonização e passando a ser exposto ao cosmopolitismo, enquanto o interior, nos domínios do nativismo, passara a ser o guardião dos valores de brasilidade. Ideologia não mais adequada para os dias atuais quando o Brasil procura um lugar mais alto na globalização.
Pedro Pinchas Geiger é professor do Instituto de Geografia da Uerj
João Baptista Mello é coordenador do Projeto Roteiros Geográficos, da Uerj