sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Editorial: O voto secreto e máscaras

Editorial: O voto secreto e máscaras

Comumente se diz que a corrupção no Brasil é endêmica e se verifica dos altos círculos do poder ao relacionamento mais banal — e um parece se escorar no outro para justificar-se

O DIA
Rio - Comumente se diz que a corrupção no Brasil é endêmica e se verifica dos altos círculos do poder ao relacionamento mais banal — e um parece se escorar no outro para justificar-se. Nos últimos dias, sobressaiu no noticiário um dos instrumentos para praticar malfeitos, com igual poder de onipresença: o anonimato. As pessoas que execraram o voto secreto da Câmara dos Deputados que manteve o mandato de um condenado à prisão deveriam olhar com semelhante apreensão na direção dos que se escondem no segredo das máscaras para depredar as cidades em ‘protestos’. Neste caso, a mudança do Congresso, que caminha para o fim do nefasto recurso do anonimato, poderia servir de exemplo.
Assemelham-se bastante os dois expedientes. Ambos foram pensados lá atrás para atender a objetivos positivos: a segurança do parlamentar nas questões polêmicas e a defesa do cidadão em momentos delicados. Deturpados, hoje servem ao corporativismo e à covardia. O voto secreto tornou-se cortina para encobrir hábitos fisiologistas e compadrios escusos. Máscaras, para disseminar destruição, seja lá com que propósito — contestação, arruaça ou intolerância política.
É evidente que se pede cautela neste momento em que se prendem integrantes do Black Bloc, braço não raro violento das manifestações, para que não se cometam injustiças, como punir a pessoa errada ou cercear o direito de protesto. Mas democracia alguma assiste passiva a atos de violência e destruição, independentemente da lista de demandas. Todos sabem que há muito a corrigir no país. Desde que seja com cara limpa e ciência das consequências.
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