sábado, 7 de setembro de 2013

Marcus Tavares: Diálogos

Marcus Tavares: Diálogos

Como continua faltando diálogo em nossa sociedade, não é mesmo?

O DIA
Rio - Como continua faltando diálogo em nossa sociedade, não é mesmo? E — o que é pior — em muitas escolas, locais propícios para discutir e trocar ideias com jovens que participam cada vez mais cedo, de forma ativa, das questões do cotidiano. A constatação não é de hoje.
O cenário se repete já há bastante tempo. Encasteladas em suas grades curriculares, as instituições de ensino poderiam/deveriam abrir e promover mais espaços de reflexões. Há tanta coisa não ouvida, dita, debatida e dialogada por conta de uma obrigatoriedade de cumprimento de conteúdos, visando a um resultado traduzido em notas, estatísticas e na obtenção de certificados.
É verdade que, no dia a dia, muitos professores tentam encaixar tais espaços de reflexão, seja nos 50 minutos de aula ou nas brechas da programação. Há boas práticas e experiências. Mas são sempre poucas e demandam desafios diários daqueles que a propõem, o que não condiz em nada com uma educação que se pretende ser capaz de constituir crianças e adolescentes autônomos, críticos, reflexivos, independentes e empreendedores.
Fico me perguntando: quando é que se discutem os relacionamentos amorosos dos jovens? Onde, por exemplo, a homossexualidade é fato corriqueiro entre eles? Quando é que se conversa sobre política, representatividade e ética? Quando é que se promove um debate sobre as políticas públicas de saúde, transporte e, inclusive, de educação, temas sempre atuais? Quando é que se para para analisar e questionar a cultura digital da vida contemporânea? Ou a influência dos meios de comunicação?
Sim, temos os chamados temas transversais. Mas que, em algumas realidades escolares, passam longe. Sim, temos os grêmios escolares que poderiam/deveriam estimular, por parte dos estudantes, tais encaminhamentos. Mas contem nos dedos quantas escolas de fato possuem tal instância e, inclusive, incentivam seu corpo discente a criá-la e alimentá-la. Defendo a existência da escola, eis uma instituição, a meu ver, indispensável, mas que está longe ainda de contribuir para educação mais cidadã no contexto do nosso tempo.
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia

    Tags: Opinião , Colunista

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