Rio -  Será enterrado neste domingo, às 13h, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte, o corpo do ex-passista da Portela Moysés Francisco. Ele tinha 73 anos e morreu neste sábado vítima de insuficiência respiratória. O sambista estava internado desde a última terça-feira no Hospital Central do Exército, em Benfica. Frequentador antigo da azul e branco, Moysés liderou a chapa de oposição na eleição de 2007, que acabou vencida por Nilo Figueiredo. Atualmente, integrava a chapa "Portela Verdade", de Serginho Procópio, Monarco e Falcon. Em caso de vitória na eleição de maio, iria compor o conselho deliberativo da agremiação.
Moysés (E) perdeu a eleição de 2007 para Nilo. Na imagem, ele aparece aguardando a contagem dos votos | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Moysés (E) perdeu a eleição de 2007 para Nilo. Na imagem, ele aparece aguardando a contagem dos votos após o pleito | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Sucesso como passista show
Coronel dentista do Exército, Moysés nasceu em Olinda, em Nilópolis, e fez sucesso com o grupo Os 12 de Ouro, que nos anos 70 fazia apresentações de samba no Brasil e no exterior. Junto a ele formavam a companhia Haroldo, Paulinho, Luciano, Sidnei, Jorge, Nívea, Cacilda, Nêga Pelé, Regina, Nilzete e Dalva. Além disso, atuou como compositor e ritmista.
Através de seus passos, ganhou bastante notoriedade no Carnaval e chegou a ser homenageado com uma citação no livo "Dança do Samba, exercício do prazer", escrito em 1996 pelo jornalista José Carlos Rego.
Moysés fez sucesso como passista no Carnaval. Na imagem, ele aparece com Soninha Capeta num desfile nos anos 80 | Foto: Reprodução Internet
Moysés fez sucesso como passista no Carnaval. Na imagem, ele posa com Soninha Capeta num desfile nos anos 80 | Foto: Reprodução Internet
No livro, Moysés apontou os requisitos necessários para ser um bom passista. "Há de ter postura elegante. O passista de boa postura não faz gestos ou cria situações que levem à obscenidde. A dança do samba, por si mesma, já detém uma farta carga de sensualidade. Forçando, fica pornográfica. E tem mais: a nudez nada acrescenta ao sambista, porque o desfile da escola é fantasia. E nos seus dois aspectos. No sentido lúdico e na roupagem que o enredo pede. Se não está fantasiado, o passista está fora do contexto do enredo. E não precisa gastar muito com a fantasia. (...) O passista deve encerrar sua apresentação suado, gotejando, cansado. Nunca sujo", disse em entrevista para o livro.
"O Carnaval perdeu uma grande personalidade e a nossa família também", lamentou Cristiane Francisco, 42 anos, filha do sambista.