Ex-braço direito diz que pastor era ligado ao tráfico
À polícia, testemunha afirma que Marcos Pereira tramava resgate de pessoas ‘ameaçadas’ de morte por criminosos em favelas
POR | FELIPE FREIRE MARIA INEZ MAGALHAES VANIA CUNHA |
Quem garante isso é um ex-braço direito do religioso na Assembleia de Deus dos Últimos Dias, que também revelou à polícia que o líder da igreja tramava resgates de pessoas "ameaçadas" de morte por traficantes em favelas. A testemunha detalhou três casos à Delegacia de Combate às Drogas.
Marcos na igreja dele, em São João de Meriti: pura encenação, segundo antigo ajudante do líder religioso | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Mais quatro supostos casos de violência sexual praticados por Marcos Pereira são investigados. Uma das farsas seria o sequestro de uma empresária na Baixada. No depoimento, o ex-ajudante do pastor conta que esta seria uma forma de ele tirar mais dinheiro da fiel, conquistando a confiança dela após "mediar" o resgate.
Mas o plano fracassara pois o bandido que cederia as armas (que estava preso e não sabia da trama) descobriu que a vítima seria integrante da igreja e avisou ao pastor, sem imaginar que ele seria o mentor do crime.
Marcos, então, teria contado à mulher que descobriu plano para sequestrá-la, obrigado bandidos a pedirem perdão e mantido relações sexuais com a empresária.
As investigações apontam outra simulação: a de um PM resgatado de traficantes por Marcos. Segundo o depoimento, o pastor teria mandado o policial buscar dinheiro com os criminosos, depois de combinar com o bando para agredir o militar.
O religioso foi ao local com seus fiéis e "salvou" o PM, que acabou entrando para a igreja. O episódio, segundo a testemunha, foi exibido em reportagem de televisão.
Outro caso seria de um traficante que saiu da igreja ao saber dos crimes atribuídos ao pastor. Para tê-lo de volta, Marcos teria tramado suposta morte dele. O bandido levou cinco tiros, nenhum fatal. O pastor teria "intercedido" e, assim, "libertado" o homem.
"Harém" com direito até a hidromassagem
Um "harém" com o requinte de sala de hidromassagem, vista para o mar e 276 m² de conforto. Na Avenida Atlântica, o pastor Marcos desfrutava de imóvel para onde, segundo a polícia, seriam levadas fiéis e realizadas orgias.
O apartamento acabou registrado em nome da igreja dele quase 40 anos após o religioso conhecer o doador do ‘presente’, um francês. Localizado no número 1.918, o imóvel vale cerca de R$ 8 milhões. Por ser doação à igreja, está isento de impostos, do pagamento de IPTU e ITD.
Mas o plano fracassara pois o bandido que cederia as armas (que estava preso e não sabia da trama) descobriu que a vítima seria integrante da igreja e avisou ao pastor, sem imaginar que ele seria o mentor do crime.
Marcos, então, teria contado à mulher que descobriu plano para sequestrá-la, obrigado bandidos a pedirem perdão e mantido relações sexuais com a empresária.
As investigações apontam outra simulação: a de um PM resgatado de traficantes por Marcos. Segundo o depoimento, o pastor teria mandado o policial buscar dinheiro com os criminosos, depois de combinar com o bando para agredir o militar.
O religioso foi ao local com seus fiéis e "salvou" o PM, que acabou entrando para a igreja. O episódio, segundo a testemunha, foi exibido em reportagem de televisão.
Outro caso seria de um traficante que saiu da igreja ao saber dos crimes atribuídos ao pastor. Para tê-lo de volta, Marcos teria tramado suposta morte dele. O bandido levou cinco tiros, nenhum fatal. O pastor teria "intercedido" e, assim, "libertado" o homem.
"Harém" com direito até a hidromassagem
O apartamento acabou registrado em nome da igreja dele quase 40 anos após o religioso conhecer o doador do ‘presente’, um francês. Localizado no número 1.918, o imóvel vale cerca de R$ 8 milhões. Por ser doação à igreja, está isento de impostos, do pagamento de IPTU e ITD.
Marcos reza em culto numa carceragem em 2004 | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Com base em uma avaliação realizada há alguns anos, o apartamento tinha quatro quartos, mas um foi convertido para sala de hidromassagem.
Além disso, o "QG" da igreja tem ainda hall de entrada, circulação, sala íntima, dois banheiros sociais e sistema de ar-condicionado central.
Deputado sai em defesa do acusado
Integrante da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado Paulo Ramos defendeu o pastor Marcos Pereira das acusações.
Em seu discurso de quarta-feira, o parlamentar recebeu apoio de colegas ao dizer que os casos divulgados "não passam de armação".
“Se existe um lugar em que há um estupro, por que o delegado nunca foi lá? Como não ouviu os vizinhos, o síndico? São coisas básicas de uma investigação criminal. A minha questão é que isto pode ser feito com qualquer cidadão. No estado democrático de direito, isso não pode acontecer. O que está acontecendo é um linchamento, um massacre. Só tem depoimento, não tem nenhuma outra prova”, criticou novamente o deputado nesta sexta-feira, ao ser procurado pelo DIA.
Além disso, o "QG" da igreja tem ainda hall de entrada, circulação, sala íntima, dois banheiros sociais e sistema de ar-condicionado central.
Deputado sai em defesa do acusado
Integrante da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado Paulo Ramos defendeu o pastor Marcos Pereira das acusações.
Em seu discurso de quarta-feira, o parlamentar recebeu apoio de colegas ao dizer que os casos divulgados "não passam de armação".
“Se existe um lugar em que há um estupro, por que o delegado nunca foi lá? Como não ouviu os vizinhos, o síndico? São coisas básicas de uma investigação criminal. A minha questão é que isto pode ser feito com qualquer cidadão. No estado democrático de direito, isso não pode acontecer. O que está acontecendo é um linchamento, um massacre. Só tem depoimento, não tem nenhuma outra prova”, criticou novamente o deputado nesta sexta-feira, ao ser procurado pelo DIA.
Membros da igreja na porta da delegacia, terça-feira à noite, quando o pastor Marcos foi preso | Foto: Osvalddo Prado / Agência O Dia
"Tem caroço nesse angu"
Durante o discurso de Paulo Ramos na Alerj, outros deputados também se manifestaram. “Estou solidário com a família do pastor Marcos Pereira, que aqui está. No que depender de mim, estarei à disposição também no sentido do encaminhamento dessa questão à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj. Tem caroço nesse angu”, afirmou o deputado Geraldo Pudim (PR).
“Não conheço o pastor Marcos, não sou evangélico, mas como um representante do povo, não posso aceitar que alguém seja achincalhado publicamente, com indícios claros de manipulação, sem que se dê voz às pessoas”, disse o deputado Gilberto Palmares (PT).
“Não conheço o pastor Marcos, não sou evangélico, mas como um representante do povo, não posso aceitar que alguém seja achincalhado publicamente, com indícios claros de manipulação, sem que se dê voz às pessoas”, disse o deputado Gilberto Palmares (PT).
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