Rio -  Um protesto na tarde deste sábado lembrou os dez anos da Chacina do Borel — como ficou conhecido o episódio em que quatro jovens do morro da Tijuca morreram, durante uma operação realizada pelo 6º BPM (Tijuca).
Para Maria Dalva da Costa Correia, mãe de Thiago da Costa Correia da Silva, um dos assassinados, a principal função do protesto foi recordar que nenhum dos policiais envolvidos foi punido.
Ela ressaltou, ainda, que a manifestação alertou para o fato de que a violência policial ainda é uma realidade nas diversas comunidades do Rio. “Mesmo com as UPPs, ainda há mortes de jovens negros, de favelados. Por isso, queremos justiça. Se eu me calar, estarei mais morta do que meu filho”, destacou.
Parentes e vizinhos dos mortos estiveram na manifestação deste sábado | Foto: André Mourão / Agência O Dia
Parentes e vizinhos dos mortos estiveram na manifestação deste sábado | Foto: André Mourão / Agência O Dia
Além de parentes e amigos das vítimas da chacina, estavam entre as cerca de 70 pessoas presentes representantes da Anistia Internacional e de ONGs como a Justiça Global e a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência. O protesto também contou com a participação de parentes de vítimas de casos violência policial ocorridos em outras favelas do Rio.
A assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Renata Neder, ponderou que o ato serviu não somente para lembrar as vítimas da Chacina do Borel, mas para ressaltar que toda a sociedade, seja na favela ou no asfalto, tem direito à vida. “Infelizmente, ninguém foi punido neste e em casos semelhantes. É preciso mostrar à sociedade que nada justifica os abusos policiais”, observou.
O CRIME
Na tarde de 16 de abril de 2003, Carlos Alberto da Silva Ferreira, pintor, 21 anos; Carlos Magno de Oliveira Nascimento, estudante, 18; Everson Gonçalves Silote, taxista, 26; e Thiago da Costa Correia da Silva, mecânico, 19, foram baleados na cabeça, tórax, braço e antebraço. De acordo com laudo cadavérico, eles morreram devido a disparos efetuados à queima roupa pelos policiais. Os ferimentos nos braços indicam que tiveram o instinto de se defender.