Alemanha -  Herói da classificação do Borussia Dortmund para semifinais da Liga dos Campeões da Europa ao marcar um gol no último minuto da partida contra o Málaga, Felipe Santana é destemido. O zagueiro não teme o confronto com Cristiano Ronaldo e oReal Madrid. O brasileiro lembra de seu início no futebol e do lateral-esquerdo André Santos, do Grêmio, que o ajudou no início da carreira.
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Felipe Santana confiante em ir à final | Foto: EFE
ATAQUE: O Borussia Dortmund é zebra na semifinal da Liga dos Campeões?

FELIPE SANTANA: De maneira nenhuma. Todos dão o Borussia Dortmund como zebra, mas esquecem de falar que nós somos os únicos invictos da competição.

Como marcar Cristiano Ronaldo?

Ele nunca tirou meu sono porque não se joga um contra um. Temos uma equipe muito forte. O Cristiano merece todo o respeito e é um dos melhores do mundo ao lado do Messi. Mas jogando em grupo, nós podemos vencer.

Já jogou contra ele?

Já jogamos contra em um amistoso no centenário do Borussia (Real Madrid 5 a 0) e na primeira fase da Liga dos Campeões. Ele pode resolver em um espaço curto, mas nós treinamos para tentar parar isso.

Como foi a adaptação na Alemanha?

O início foi muito difícil por causa da língua. Mas depois de cinco anos você acaba aprendendo. Hoje eu falo alemão. O frio não é uma preocupação. Brasileiro não gosta de frio e eu não sou diferente, mas tem calefação e a gente se acostuma. Passei sem muito sofrimento. Dois brasileiros me ajudaram muito na adaptação. O Tinga e o Dede.

Qual a temperatura mais baixa a qual entrou em campo?

Joguei com menos 20 graus celsius no último jogo do returno. Não foi nada fácil.

A torcida do Dortmund é que tem a maior média de público no mundo. Sentiu essa pressão quando chegou?

É bom jogar com uma torcida como a do Borussia Dortmund. São 80 mil torcedores em todos os jogos. Seja contra o líder ou contra o último colocado, o estádio está lotado. É uma sensação indescritível. No meu ex-time, no Brasil, tinha no máximo 15 mil por jogo. Quando eu me deparei pela primeira vez, deu um temor, mas hoje eu fico bem tranquilo.

Como a torcida te chama?

Tem um pessoal que me chama de Telê, por causa do treinador que tem o mesmo sobrenome. Mas a torcida mesmo me chama de Felipe ou Santana. Eles tem uma música que cantam "Santana ô ô ô'.

No jogo contra o Málaga, você se mandou para o ataque e fez o gol da classificação. Pretende virar atacante?

Foi uma situação de momento. Eu avisei que iria para frente, o técnico colocou um jogador que sabia lançar e fizemos os gols. Se não tivesse marcado, ninguém iria estar falando. Nos últimos tempos, a bola vem me procurando (risos). A fase é positiva. No Alemão também tenho feito meus gols.

A ida do Dante para a seleção brasileira fez o seu sonho de jogar com a camisa amarela ficar mais próximo?

Esse é o meu objetivo, o meu sonho. Busco isso desde que vim para a Europa. Fico feliz que o Felipão está vendo a Budesliga (Campeonato Alemão) e chamando outros brasileiros que jogam por aqui.

Qual o seu time de infância?

Eu e meu primo somos santistas. O resto da família é corintiana.

Se o Dortmund vencer a Liga dos Campeões e o Corinthians a Libertadores vai dar problema?

Já pensei que podemos ser adversários no fim do ano. Já os deixei tristes uma vez (risos). Quando o Corinthians foi rebaixado, eu fiz um gol pelo Figueirense. As pessoas me xingaram muito. Mas a bola sobrou para mim, não tinha o que fazer. Em campo é o meu trabalho.

O Dortmund entrou no Campeonato Alemão como bicampeão. No entanto, o Bayern de Munique passeou no torneio. Por que você acha que o Bayern sobrou tanto na competição?

O Bayern é um time que sempre entra para vencer, assim como a gente. Perdemos alguns pontos importantes que fizeram falta. Perdemos dois clássicos com o Schalke 04, além de Hamburgo e Wolfsburg.

Sua multa rescisória é baixa (1 milhão de euros) e o Schalke 04 mostrou interesse. Você continua no Dortmund ou vai jogar no Schalke 04 na próxima temporada?

Tenho contrato com o Borussia Dortmund até julho de 2014 e no momento minha única preocupação é em me concentrar nos jogos que faltam no Campeonato Alemão e da Liga dos Campeões. Meu foco é jogar bem e ajudar o Borussia a conquistar seus objetivos na temporada

Como foi seu início no futebol?

Sempre tive o sonho de jogar futebol, mas as oportunidades sempre foram difíceis, ainda mais em uma cidade pequena como Rio Claro (São Paulo). Lá, tive a felicidade de conhecer o André Santos (lateral-esquerdo do Grêmio e da seleção brasileira) em 2003 e ficamos muito amigos. Nos conhecemos em um jogo entre Rio Claro e um time amador. Fiz uma avaliação no Rio Claro e passei. Foi ele me levou para Florianópolis, arrumou um teste para mim no Figueirense e passei.

Como você avalia sua passagem pelo Figueirense?

Meu ciclo no Figueirense foi curto, apenas quatro anos, mas inesquecível. Lá aprendi muito, conquistei títulos e cheguei até a seleção brasileira. Fui o primeiro jogador a ser convocado saído da base do Figueirense.

No jogo contra o Málaga, a torcida fez um mosaico incrível. Já sabe se eles vão repetir a dose?

Ainda não sei se vai ter. A cada jogo eles fazem uma festa diferente para ratificar o amor deles pelo clube.
 
Reportagem de Rodrigo Stafford